Luso M Riders

Data de Fundação9 de maio de 2019

FILANTROPIA EM MOVIMENTO

Versão de áudio (disponível apenas em inglês):

Fundada pouco antes do aparecimento da pandemia de Covid-19, a Luso M Riders é uma organização comunitária luso-canadiana que tem trabalhado incansavelmente para mudar a percepção partilhada pela população em geral em relação aos motoclubes. A associação sem fins lucrativos tem atingido tal feito através de iniciativas de solidariedade e da angariação de dezenas de milhares de dólares para várias causas que têm afetado negativamente membros da nossa comunidade. Esta é a associação do bem.

Filipe Francisco

Filipe Francisco, que é o primeiro e atual presidente da entidade, iniciou o movimento após participar no evento Friday the 13th, que se realiza anualmente em Port Dover, com outros motards luso-canadianos. A 9 de maio de 2019 fundou oficialmente a Luso M Riders juntamente com Nelson Gaspar (mais conhecido por Gato), Nuno Pedrosa, Nuno Sousa, José Lopes, Fernando Mendes e Joaquim Soares. Desde então, mais de 150 sócios pagantes juntaram-se à associação e centenas mais participaram em dezenas de passeios pelas ruas do Ontário, sempre com o objetivo de angariar fundos para uma causa de índole caritativa.

“Sexta-feira 13th é um dos maiores eventos de motards do Canadá. Tudo começou nos anos setenta, em Port Dover. Comecei a participar em 2004. Faça chuva ou faça sol, se não for de mota, levo o meu camião”, começou por nos contar Filipe Francisco. “Há muitos outros motards da comunidade que também participam e sempre formámos pequenos grupos para voltarmos juntos para casa. Depois, formámos um grupo. Na altura, éramos uns sete. Demos-lhe o nome de Luso M Riders – Luso Moto Riders. Nunca imaginei este crescimento tão rápido, mesmo com o covid. Estou no Canadá há 32 anos e nunca imaginei que tivéssemos tantos portugueses a andar de mota na comunidade”, revelou.

Luso M Riders na estrada (imagem: página de Facebook da organização)

A organização sem fins lucrativos cresceu substancialmente no seu primeiro ano. Começou também a angariar fundos para a pequena Eva, uma criança luso-canadiana que precisava de uma cirurgia que, na altura, custava quase três milhões de dólares. “Na época do Natal, com todo aquele frio, vestimo-nos todos de Pai Natal e fomos de mota por vários negócios da comunidade a pedir doações. Foi quando tivemos a ideia de ajudar. Participamos no Movember e fomos o primeiro grupo a andar de mota no evento de angariação de fundos da Luso Charity. Ajudámos um jovem que perdeu uma perna, doámos também a uma família que perdeu a casa num incêndio e a uma pessoa com cancro, e organizamos o nosso evento anual de Natal”, informou Filipe Francisco para depois confessar: “Quem dera que pudéssemos ajudar mais.”

A iniciativa Toy Drive, que arranca meses antes do Natal, tornou-se um dos eventos de angariação de fundos mais relevantes da associação. Sócios e amigos recolhem brinquedos novos, que são doados e que, depois, são distribuídos por crianças e jovens de famílias carenciadas. Várias empresas e indivíduos da comunidade contribuem para esta causa, que cresce a cada ano.

A sede do clube, que se encontra numa zona central da comunidade portuguesa, foi inaugurada pouco depois da fundação da organização. Aqui, os diretores tratam da administração do clube social, enquanto sócios e amigos visitam semanalmente para socializar. “Temos dez diretores e ninguém ganha salário. Só a mulher da limpeza é que é paga. O clube não é tão grande quanto gostaríamos, mas tem o tamanho certo neste momento. Adoraríamos ter uma sede privada onde também pudéssemos guardar as motas dos sócios. Eu gostaria que as pessoas soubessem o quanto nos preocupamos em ajudar os outros. A comunidade portuguesa tem ajudado a promover-nos como motards exemplares. Acho que, passados ​​três anos, conseguimos atingir esse feito”, declarou Filipe Francisco.

Após um início humilde com apenas sete membros, a Luso M Riders tornou-se num grupo num grupo de alta consideração tanto na comunidade portuguesa como também na cena motard de Toronto. Atualmente, conta com mais de 150 sócios pagantes, entre eles o ator e comediante Fernando Rocha, que recentemente foi nomeado o primeiro Sócio Honorário da organização. Ao contrário de outros clubes de motards, os membros do Luso M Riders não têm de provar o seu valor para adquirirem o seu emblema, que é incluído no colete original assim que as quotas são pagas. A organização incentiva os sócios a exercerem respeito e humildade, e impõe uma conduta rigorosa, baseada nesses valores, como afirmou Filipe Francisco: “Temos os nossos estatutos como qualquer outro clube. Se um de nossos membros não respeitar os estatutos, temos que agir. Damos sempre uma chance às pessoas porque errar é humano.”

Para se tornar sócio da Luso M Riders, não é necessário possuir uma moto, embora o emblema completo de sócio seja apenas entregue a quem tem moto. “As motas são uma paixão. Podes cair, ir para o hospital, apanhar uns pontos, e depois chegas a casa e estás pronto a andar na mota outra vez. Não somos loucos. É uma paixão. As motas são como o futebol, o golfe ou o hóquei. Temos muitos sócios que não têm mota e que são mais apaixonados por motas do que alguns que têm, mas talvez não tenham possibilidades de comprar uma ou tenham medo de cair. Se não tiverem mota, podem ir de carro”, realçou Filipe Francisco.

Embora tradicionalmente os homens sejam os condutores das motas, recentemente mais mulheres têm-se associado à atividade, um fenómeno que não é estranho a Luso M Riders. Atualmente, a associação conta com mais de uma dezena de mulheres que andam de mota e muitas outras que acompanham os seus parceiros.

É frequente observar membros de outros motoclubes locais na sede da Luso M Riders. De facto, a organização mantém um óptimo relacionamento com as suas congéneres, sobretudo da comunidade portuguesa. Isto levou Filipe Francisco a iniciar conversações com outras associações de motards para estudar a possibilidade de se unirem para organizarem eventos em conjunto, uma iniciativa que poderia centralizar o movimento motard luso-canadiano.

O enorme crescimento e sucesso da Luso M Riders é um tributo ao trabalho árduo e à dedicação da sua Direcção Executiva e dos seus sócios, mas também é resultado de uma mudança de percepção que Filipe Francisco e os seus consócios têm alcançado através das suas iniciativas filantrópicas . Embora a organização tenha doado dezenas de milhares de dólares para várias causas, o sonho é fazer ainda muito mais. “Adoraria que tivéssemos um pavilhão grande, sem hipoteca, e que pudessesmos doar a diferentes lares de idosos da comunidade portuguesa. Queremos ajudar os outros. Vivemos num país muito rico, mas infelizmente ainda temos muitos pobres. Há pessoas que contam o seu dinheiro todos os meses. Adoraríamos poder ajudar essas pessoas quando se deparam com uma situação difícil”, afirmou Filipe Francisco.

A Luso M Riders insere-se num movimento recente que pretende mudar a percepção do grande público em relação aos motoclubes. Estes são os motards do bem, aqueles que percorrem as ruas enquanto participam em iniciativas de caridade. Estes motards são verdadeiros modelos de comunidade, e fazem parte da nossa!

Nota: todas as imagens da página do Facebook da Luso M Riders
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