Centro Cultural Português

Data de Fundação:31 de maio de 1997
Endereço: 12964 52 Street NW
Edmonton, Alberta
T5A0B8
Telefone:780-473-2194

RENASCIMENTO DE UMA ORGANIZAÇÃO DINÂMICA

Versão de áudio (disponível apenas em inglês):

A comunidade portuguesa de Edmonton testemunhou várias fases de crescimento e declínio estrutural ao longo das suas quase sete décadas de existência. Ao longo dos anos, várias organizações foram formadas, mas muitas outras caíram para os domínios da História. Há, no entanto, uma que pretende afirmar-se como o principal patrono do património português na região: o Centro Cultural Português.

Oficialmente fundada a 31 de maio de 1997, a organização precede este evento. Tudo começou no início da década de noventa, na Portugal Canadian Multicultural Society, quando elementos do grupo folclórico que representava o Minho decidiram formar o seu próprio rancho. . Naturalmente, isso causou algum atrito entre as duas fações, o que levou a uma inevtitável separação. O novo grupo assumiu o nome de Centro Cultural Português – Rio Lima, mas a Direção atual está a trabalhar para remover a referência “Rio Lima” de modo a refletir a inclusividade e abrangimento da organização.

O Centro Cultural Português tornou-se rapidamente num importante centro social e cultural em Edmonton, acumulando cerca de 500 sócios pagantes durante os seus anos áureos. O fulgor inicial acabou por diminuir e, com ele, a adesão dos sócios. Quando a pandemia de Covid-19 chegou, o Centro estava urgentemente a precisar de intervenção, sob a ameaça de fechar. No entanto, uma equipa de homens e mulheres com a intenção de ressuscitar a organização assumiu recentemente o controle e desde então tem feito um tremendo trabalho para a ressuscitar.

Entre este grupo está o atual vice-presidente, Virgílio Gonçalves Lopes, homem que assumiu diversas funções de responsabilidade dentro do Centro. Nascido no concelho da Covilhã, chegou a British Columbia em 1977 para trabalhar na quinta de uma tia mas, quatro meses depois, mudou-se definitivamente para Edmonton onde deixou um impacto na comunidade portuguesa. Ex-vice-presidente da Sociedade Multicultural Luso-Canadiana, Virgilio Lopes está a usar a sua experiência na área do voluntariado para ajudar a revitalizar o Centro Cultural.

 Durante uma conversa que ocorreu em maio de 2022, Lopes fez referência ao estado terrível em que encontrou a organização e ao trabalho que está a ser feito desde então pelo novo executivo. “Há três anos, quando me envolvi, não havia nada. Tínhamos apenas vinte e seis sócios [pagantes]. [O Centro] estava prestes a ser entregue ao Governo ou a outra associação. Em dois meses, trouxemos de volta o rancho foclórico infantil que se apresentou no Dia de Portugal, o maior até agora. Tínhamos cerca de 750 a 800 pessoas. Também temos o  Grupo de Bombos. Comprámos as caixas em Portugal e oferecemos ao clube. Eles já atuaram várias vezes. Comemorámos o nosso 25o aniversário no dia 28 de maio [de 2022]. Comemorámos também o 25 de abril, Dia de Portugal, São João, e temos várias atividades previstas para setembro e novembro, como a festa de São Martinho. Estamos a pensar organizar uma festa de passagem de ano, o que não se faz há anos. Estamos a trabalhar muito pelo clube e as pessoas têm respondido bem”, afirmou Virgílio Gonçalves Lopes, orgulhoso.   

O rancho folclórico é a génese da organização (foto: página da organização no Facebook)

O rancho folclórico que levou à criação do Centro interrompeu a atividade durante vários anos, o que provocou em parte o declínio da organização. Originalmente um grupo de adultos, foi agora reavivado com uma versão infantil. No entanto, há planos para alargar o grupo e trazer de volta os dançadores mais velhos, como informou Lopes: “Sempre tivemos música gravada, mas estamos a tentar encontrar um grupo para tocar e cantar com o rancho.. Temos planos para formar o grupo de adultos. Já temos algumas senhoras que se comprometeram a ajudar.”

O trabalho fantástico que a atual Direção tem desenvolvido reflete-se na criação do rancho folclórico infantil e na perspectiva do retorno do grupo de adultos, na fundação do Grupo de Bombos, e nas muitas iniciativas que tem promovido recentemente. No entanto, também se reflectirá em breve em novos projectos que incluem o acolhimento de artistas de renome como os Portuguese Kids e o humorista luso-canadiano Mike Rita, bem como outros da América do Norte e de Portugal que irão encantar a comunidade no palco da associação…mas há mais! “Estamos a tentar formar uma equipa de futebol e já temos alguém disposto a ajudar”, anunciou Virgílio Gonçalves Lopes. Esta será a primeira equipa de futebol da organização.

O recém-formado 'Grupo de Bombos' (foto: página da organização no Facebook)

O rancho folclórico original antecede a data oficial da fundação do Centro Cultural, mas há uma razão para tal. “[O rancho] ensaiou em salões alugados por alguns anos, mas depois mudou-se para o local atual na data da fundação oficial do clube, a 31 de maio de 1997. Comprámos o prédio [em 1996], seis meses antes de formarmos oficialmente a organização. Fizemos tudo sozinhos. Compramos o terreno e construímos o prédio. A comunidade ajudou e o governo também contribuiu. O prédio e o terreno estão pagos”, informou com orgulho Virgílio Gonçalves Lopes.

A propriedade está equipada com espaço e infraestruturas que permitem à associação organizar aqui todos os seus eventos, sejam eles no interior ou exterior, sejam grandes ou pequenos. “Não é apenas um edifício. Temos muito espaço para estacionamento e um terreno que vale cerca de um milhão de dólares”, disse Lopes. O edifício é composto por dois pisos, cada um equipado com espaço de ensaio para os vários grupos da organização. No piso principal existe ainda uma cozinha, um bar e um salão com capacidade para cerca de 400 pessoas. O bar está aberto diariamente.

A imponente sede (foto: página do Facebook da organização)

A Direção tem trabalhado diligentemente para reconstruir a organização, mas também se preocupa com a sua sustentabilidade futura. Por isso, criou um grupo formado por jovens que tem voz e apoia o Executivo nas suas decisões. Estes jovens são a garantia de que o Centro Cultural Português não voltará a sofrer do desinteresse que testemunhou em anos recentes.

A sustentabilidade é, de facto, um dos grandes desafios de todas as organizações portuguesas em todo o Canadá. É, acima de tudo, uma preocupação da comunidade, pois a manutenção do nosso património está sob ameaça em vários pontos do país. Edmonton não é estranho a este fenómeno. Ao longo dos anos, testemunhou a formação e o declínio de várias organizações. Para enfrentar este desafio de forma realista, Virgílio Lopes e sua equipa vêm trabalhando num plano que pretende unir todas as associações da cidade sob o mesmo teto. “Sempre tive um ótimo relacionamento com a PCMS (Portuguese Canadian Multicultural Society). Os responsáveis ​​são da minha cidade natal e conheço-os a todos. Juntos, vamos superar isto. Queremos nos unir porque somos muito poucos, estejamos juntos ou não. Só unidos somos capazes de formar um rancho folclórico forte. Precisamos estar unidos”, aconselhou Lopes.

O Centro Cultural Português de Edmonton é um verdadeiro modelo de reinvenção e visão. O seu Executivo conseguiu reavivar a organização por meio de muito trabalho e dedicação, mas os seus esforços não são suficientes sem o apoio da comunidade. Por enquanto, a resposta tem sido positiva, mas a história diz-nos que a conscientização e a adaptação são fundamentais para uma organização sustentável. O Centro Cultural parece ter as pessoas certas nos lugares certos, prontas para se ajustarem às necessidades da comunidade.

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