Os Territórios

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POPULAÇÃO TOTAL DE NUNAVUT, NORTHWEST TERRITORIES E YUKON: 128,090

ESTATÍSTICAS TOTAIS RELACIONADAS COM OS PORTUGUESES NOS TERRITÓRIOS:

COMO LÍNGUA
MATERNA
COMO MAIS
FALADA
CONHECIMENTO
DA LÍNGUA
NASCIDOS
PORTUGAL
ORIGEM
ÉTNICA
45
(0.03% da população)
5
(0.001% da população)
120
(0.1% da população)
10
(0.008% da população)
390
(0.3% da população)
Fonte: Statistics Canada

ESTATÍSTICAS POR TERRITÓRIO

NORTHWEST TERRITORIES

POPULAÇÃO DE NOVA ESCÓCIA: 45,515

ESTATÍSTICAS RELACIONADAS COM OS PORTUGUESES EM NORTHWEST TERRITORIES:

COMO LÍNGUA
MATERNA
COMO MAIS
FALADA
CONHECIMENTO
DA LÍNGUA
NASCIDOS
PORTUGAL
ORIGEM
ÉTNICA
25
(0.05% da população)
5
(0.01% da população)
55
(0.1% da população)
0
(0% da população)
205
(0.4% da população)
Fonte: Statistics Canada

YUKON

POPULAÇÃO: 42,986

ESTATÍSTICAS RELACIONADAS COM OS PORTUGUESES EM YUKON:

COMO LÍNGUA
MATERNA
COMO MAIS
FALADA
CONHECIMENTO
DA LÍNGUA
NASCIDOS
PORTUGAL
ORIGEM
ÉTNICA
15
(0.03% da população)
0
(0% da população)
55
(0.1% da população)
10
(0.02% da população)
70
(0.2% da população)
Fonte: Statistics Canada

NUNAVUT

POPULAÇÃO: 39,589

ESTATÍSTICAS RELACIONADAS COM OS PORTUGUESES EM NUNAVUT:

COMO LÍNGUA
MATERNA
COMO MAIS
FALADA
CONHECIMENTO
DA LÍNGUA
NASCIDOS
PORTUGAL
ORIGEM
ÉTNICA
5
(0.01% da população)
0
(0% da população)
10
(0.02% da população)
0
(0% da população)
115
(0.3% da população)
Fonte: Statistics Canada

UM JOVEM LUSO-CANADIANO COM RESIDÊNCIA EM IQALUIT

Fevereiro, 2022

Versão de áudio (disponível apenas em inglês):

Localizada nas Montanhas Everett, Iqaluit (que significa 'Lugar de Muitos Peixes') é a cidade situada mais a norte do Canadá. Relativamente desconhecida antes da divisão dos Northwest Territories, rapidamente se tornou popular quando foi eleita a Capital do recém-formado Território de Nunavut, em 1999. Sem estradas de ligação e apenas acessível por via aérea ou marítima, Iqaluit, habitada principalmente pelo povo Inuit, não é um destino tradicional para quem escolheu o Canadá como seu novo lar. No entanto, entre as quase oito mil pessoas que aqui residem vive Jonathan Sousa, um jovem descendente de portugueses que há três anos chama o Território de casa.

Desde muito jovem, Jonathan Sousa decidiu que sua carreira seria no campo da manutenção da ordem, mas não fazia ideia de que se tornaria um agente da Royal Canadian Mounted Police (RCMP). “Tornei-me agente da RCMP em 2014. Antes disso, eu era militar como reserva. Sempre tive interesse na vida policial. Candidatei-me à Polícia de Toronto, mas quando a minha candidatura na RCMP foi aceite, passei por todas as fases, continuei a passá-las todas ”, disse Jonathan durante uma conversa telefónica em fevereiro de 2022.

O seu primeiro posto foi em Blackfalds, uma pequena comunidade rural nos arredores de Red Deer, Alberta. “Fiquei lá durante quatro anos e comecei a interessar-me em vir para o norte enquanto os meus [filhos] ainda eram pequenos. Eu vim para cá e a minha família está aqui desde então”, disse. O seu primeiro posto em Nunavut foi numa comunidade de 1,600 pessoas chamada Pangnirtung, onde permaneceu por dois anos antes de se mudar para Iqaluit com a sua esposa e três filhos.

Jonathan Sousa em Kimmirut, Nunavut

Trabalhar em pequenas comunidades, onde amizades com os residentes locais são naturalmente formadas, pode ser um pouco complicado, mas, no entanto, Sousa tem conseguido fazer com que as coisas funcionem. “Numa comunidade pequena, és sempre visto como o polícia e essa é a identidade que assumes. És sempre o polícia. As pessoas entravam na minha casa, as pessoas viam-me no supermercado, e é uma coisa boa quando eles confiam em ti”, disse ele. No entanto, Iqaluit é uma cidade suficientemente grande para poder passar como um dos residentes, mesmo que a sua aparência seja diferente da maioria dos habitantes locais.

“Em Iqaluit, as pessoas não sabem que sou polícia porque é uma cidade de oito mil habitantes. Então, aqui é bem diferente. Aqui, há outras culturas. Muitos franceses. Há uma pequena comunidade da África Oriental. Há muitos filipinos também”, informou Jonathan antes de nos lançar uma surpresa inesperada: “Joguei numa liga de basquetebol e encontrei outro português. É um adolescente que estuda aqui e a sua família é portuguesa.”

Apesar de Jonathan ter nascido no Canadá, a cultura portuguesa foi sempre uma parte muito importante da sua formação. O pai, natural da Ilha Graciosa, e a mãe, natural da Ilha Terceira, falavam a língua em casa e frequentavam as festas semanais do Centro Comunitário Graciosa com a família. “Sinto-me ligado à minha cultura portuguesa. Cresci em Toronto, e era uma comunidade muito pequena na qual os meus pais e a minha família eram ativos. Nós íamos à Graciosa [Centro Comunitário] todos os sábados. Foi uma grande parte do meu crescimento. Eu não participava nas danças nem no folclore [mas] eu estava sempre lá a assistir. Não falo mais português em casa, mas consigo falar e viro-me bem. Identifico-me primeiramente como canadiano, mas o tema [da minha etnía portuguesa] surge sempre no meu trabalho porque é muito diferente das origens da maioria das pessoas na RCMP. É quem eu sou e, obviamente, as pessoas interessam-se quando as conheço. Por isso, eu tento levar um pouco dessa cultura, geralmente no que diz respeito à comida.Chouriço, linguiça, queijadas ou natas, e eu compartilho com os outros”, Sousa revelou.

À medida que evoluímos como comunidade, o mesmo acontece com o nosso nível de integração na sociedade em geral. Este fenómeno já tem um impacto significativo nas nossas próprias organizações sociais e culturais portuguesas devido ao interesse cada vez menor dos descendentes daqueles que aqui chegaram à procura de uma vida melhor. Jonathan Sousa é um exemplo dessa realidade. “À medida que as pessoas se integram, as coisas mudam e tu perdes um pedaço da cultura dos teus antepassados. […] Os garotos da minha geração simplesmente não vão mais ao clube, perderam o interesse. Não sei se haverá sustentabilidade nesses clubes que ainda existem porque não sei se ainda haverá interesse neles”, afirmou, sombrio.

A sua esposa não é portuguesa mas, mesmo assim, Jonathan Sousa faz um esforço para incutir nos filhos parte da cultura que os pais lhe transmitiram. Recentemente visitou Portugal com a família e, em casa, tenta ensinar a língua portuguesa aos filhos.

Sousa assinou recentemente outro contrato de dois anos que o fará permanecer no posto como agente da RCMP em Iqaluit. Á exceção da família do adolescente que joga na liga local de basquetebol, Jonathan Sousa parece ser o único luso-canadiano a residir nesta distante cidade situada no ártico canadiano. No entanto, após uma revelação interessante de Sousa no final da nossa conversa, esta teoria ainda precisa de ser testada.

“A mercearia que frequento, por algum motivo, vende pastéis de nata. Não sei a razão. Talvez haja algo que eu não saiba”, afirmou.

Talvez haja. E nós estamos ansiosos por descobrir.

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