Quebeque

Comunidades:

Montreal * Gatineau * Laval

POPULAÇÃO DO QUEBEQUE: 8,604,500

ESTATÍSTICAS RELACIONADOS COM OS PORTUGUESES NO QUEBEQUE:

COMO LÍNGUA
MATERNA
COMO MAIS
FALADA
CONHECIMENTO
DA LÍNGUA
NASCIDOS
PORTUGAL
ORIGEM
ÉTNICA
36,770
(0.4% da população)
17,260
(0.2% da população)
55,100
(0.6% da população)
18,985
(0.2% da população)
69,805
(0.8% da população)
Fonte: Statistics Canada

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A SEGUNDA MAIOR 'PROVÍNCIA PORTUGUESA' NO CANADÁ

Versão de áudio (disponível apenas em inglês):

Os pioneiros portugueses que chegaram ao Canadá na década de cinquenta rapidamente se dispersaram pelo país, mas estabeleceram-se principalmente em Quebeque e no Ontário. Por isso, é natural que essas províncias continuem a albergar as maiiores comunidades portuguesas do país. Em Quebeque, a maioria estabeleceu-se na região de Montreal. No entanto, à medida que a integração ocorreu, a comunidade alargou-se para os subúrbios da cidade, mas especialmente para Laval. Porém, há ainda outra comunidade luso-canadiana de relevo na província, Gatineau, situada a cerca de duzentos quilómetros de Montreal, na margem oposta da capital canadiana, Ottawa.

O Censos canadiano mais recente mostra que existem cerca de 70,000 residentes do Quebec que consideram Portugal a sua origem étnica, dos quais 18,985 nasceram no velho país. Estes números colocam a província como a segunda maior comunidade portuguesa no Canadá, bem à frente British Columbia mas muito atrás do Ontário.

Embora segunda escolha para a maioria daqueles que aqui chegaram nas primeiras três décadas e imigração, Quebeque foi primeira em muitos outros aspetos. Foi em Montreal que, em 1956, a primeira organização comunitária portuguesa foi fundada no Canadá, quando um grupo de homens formou Associação Portuguesa do Canadá(APC). Dentro da APC também foi criado o primeiro rancho folclórico, a primeira banda filarmónica, o primeiro jornal em língua portuguesa e a primeira escola portuguesa no Canadá. A organização pioneira conheceu os seus desafios ao longo dos anos, mas foi sempre capaz de se manter a sua importância cultural, social e desportiva na região.

Montreal é o centro da comunidade portuguesa no Quebeque (crédito da foto: Imagem de Martin Herfurt da P)

Foi necessária mais uma década inteira para o Quebeque testemunhar a criação de outra organização portuguesa. Costuma-se dizer que as coisas boas vêm em três, mas aqui foi em dois: em 1963, tanto o Centro Comunitário Missão Santa Cruz – maioritariamente uma organização religiosa – quanto o Movimento Democrático Português de Montréal – um movimento político que surgiu para combater o regime de Salazar em Portugal – foram fundadas quase simultâneamente. Embora a organização religiosa tenha perdurado e mantido um estatuto de relevo na comunidade portuguesa de Montreal, o mesmo não se pode dizer da sua contraparte política, que foi relegada aos domínios da História.

Em 1965, o Clube Portugal de Montreal foi fundado. Através da dedicação dos seus executivos e do apoio incondicional dos seus membros, tornou-se numa das organizações mais bem-sucedidas e dinâmicas do país. Ao longo dos anos, tem implementado iniciativas culturais, como produções teatrais, grupos tais como o Rancho Folclórico “Praias de Portugal”, inúmeros eventos sociais que incluem a participação de convidados especiais vindos de Portugal e do Canadá, e uma equipa de futebol – o famoso Lusitano Futebol Clube – que continua a representar a comunidade portuguesa na província, agora na principal liga de futsal do Quebeque.

O grupo folclórico que está há mais tempo em atividade ininterrupta foi fundado em 1966 com o nome de Grupo Folclórico Português de Montréal. Ao longo das suas primeiras quatro décadas de existência, foi um grupo exclusivamente composto por crianças, mas depois passou a incorporar adultos. Depois do seu fundador, o saudoso António Lourenço, ter entregue o grupo à Missão Santa Cruz, este ganhou uma nova dimensão e, em 2019, foi batizado com um novo nome: Grupo Folclórico e Etnográfico Português de Montreal. Atualmente, o grupo conta com participantes de todas as idades e é composto por três ranchos folclóricos: distintos:Coração do Minho, Brisas da Nazaré e Lembranças do Ribatejo. Também é membro da Federação Portuguesa de Folclore.

A década de setenta testemunhou a formação de uma série de organizações das quais a maioria foi relegada à memória. É o caso do Centro de Acção Sócio-Comunitária de Montréal (1972) e do Clube Oriental Português de Montréal (1979). Outras permaneceram ativas. Elas incluem Grupo Cultural Cana Verde (1979), o primeiro rancho folclórico adulto em Montreal que conseguiu resistir ao teste do tempo, Filarmónica Portuguesa de Montréal (1979), e Casa dos Açores do Québec(1978) que se tornou famosa pelo seu torneio anual de golfe entre muitas outras atividades culturais e sociais que oferece aos seus sócios e amigos.

A formação de novas associações durante esta década também ocorreu fora de Montreal, até então a única cidade com comunidades formalmente organizadas. A primeira ocorreu em Saint-Thérèse, em 1974, com a formação da Associação Portuguesa local (hoje oficialmente denominada Associação Cultural de Saint-Thérèse). Nesse mesmo ano, em Laval, foi também fundada a Associação de Nossa Senhora de Fátima. Mais a sudoeste, em Gatineau, Centro Comunitário Português Amigos Unidos foi fundado, em 1975, depois de a comunidade se ter mobilizado para construir um dos edifícios mais impressionantes da comunidade portuguesa do Canadá. O nome Amigos Unidos foi escolhido porque contou com o sacrifício e a coragem dos seus fundadores, alguns dos quais hipotecaram as suas casas para garantir que o prédio pudesse ser construído.

A cidade de Gatineau abriga uma grande e dinâmica comunidade portuguesa (crédito da foto: Imagem de Aurora Duwez da P)

A comunidade portuguesa no Canadá solidificou-se durante a década de oitenta com a chegada de milhares de novos imigrantes, aliada à integração dos que aqui haviam chegado durante as três décadas anteriores. Por isso, não é surpresa que um grande número de organizações tenha sido formado durante esta década. A primeira foi o Sporting Clube Português de Montreal (1982), organização que foi pioneira em exibir jogos ao vivo na comunidade, pela televisão, após instalar uma gigantesca antena parabólica na sua sede. Infelizmente, os leões de Montreal fecharam as portas em 2010 por falta de interesse dos seus membros. Também em 1982 foi fundada a Filarmónica Divino Espírito Santo, em Laval, e a Portugália, Tradição e Cultura, em Brossard. Em 1983, Hochelaga assistiu à formação da sua primeira organização portuguesa com o grupo religioso Associação portuguesa e, um ano depois, LaSalle testemunhou a fundação da sua Associação portuguesa. Sport Montreal e Benfica foi fundado em 1985 por um grupo de mais de trinta amigos que se reuniram no restaurante Pavilhão Espanhol. Esta organização, que é oficialmente filiada ao Sport Lisboa e Benfica, em Portugal, sofreu recentemente grandes alterações que foram necessárias para garantir a sua sobrevivência. Ainda na década de oitenta, outras organizações que foram fundadas incluem o Instituto Cultural Açoriano (1986) e o Círculo Socialista Antero de Quintal (1988), e o Centro Comunitário Divino Espírito Santo de Anjou, em 1989.

Houve também um grande movimento em torno da criação de vários grupos culturais durante esta década. Em 1980 foi fundado o Grupo Coral Alentejano. Em 1983, o Clube Portugal de Montreal formou o Grupo Folclórico Praias de Portugal e, dois anos depois, o Grupo Folclórico Estrelas do Atlântico foi fundado em Laval.

A década seguinte continuou a testemunhar a formação de novas organizações culturais e sociais, muitas das quais já não estão em atividade. Elas incluem a Casa do Ribatejo, fundada em 1993, e da Associação Portuguesa do West Island, constituída em 1997. Uma organização que tem resistido ao tempo é Saudades da Terra Quebequente. Fundada em 1997 para prestar ajuda às vítimas das cheias na ilha açoriana de São Miguel, transformou-se numa importante associação que celebra a cultura do arquipélago com particular ênfase na localidade da Ribeira Quente. Recentemente, a associação assumiu também a responsabilidade de organizar as festividades ao Senhor Santo Cristo em Montreal. Vários ranchos folclóricos também foram formados durante esta década. Eles incluem o Rancho Folclórico Cantares e Bailares dos Açores (1992), Grupo Folclórico Campinos do Ribatejo (1994), Grupo Folclórico Ilhas de Encanto da Casa dos Açores do Québec (1997) e Rancho Folclórico Verde Minho (1997).

A imigração de Portugal para o Quebeque abrandou sobremaneira nas últimas três décadas. No entanto, tal não impediu que a comunidade continuasse a evoluir com a formação de novas organizações para atender às novas necessidades dos residentes portugueses e seus descendentes que residem na província. Círculo de Amigos de Rabo de Peixe (2000), Carrefour dos Jovens Lusófonos do Québec (2001), Festival Portugal International de Montréal (2014), Centro Luís de Camões (2015) e Centre d'Integration et de Culture Lusophone (2016) são exemplos disso.

A comunidade portuguesa no Quebeque continua a concentrar-se principalmente na região de Montreal e subúrbios, e depois na região de Gatineau, mais a sudoeste. Tal como acontece com outras comunidades em todo o país, os portugueses no Quebeque continuam a integra-se na sociedade geral, o que torna a sobrevivência das nossas associações culturais e sociais muito mais vulnerável. No entanto, através da adaptação e reinvenção, elas têm conseguido sobreviver muito por culpa da dedicação e empenho da nova geração de luso-canadianos que se juntam aos mais velhos para preservar o nosso património cultural na região.

Há muito mais a escrever e a contar sobre as organizações luso-canadianas no Quebeque. Sabemos que lusocanada.com ainda não incluiu algumas organizações, e precisamos da sua ajuda. Por favor, entre em contato connosco se ainda não incluímos uma associação da qual você faz parte, ou se conhece alguém que faz. O nosso objetivo é incluir todas as associações, sem exceção.

Referências:

https://ville.montreal.qc.ca/memoiresdesmontrealais/les-associations-socioculturelles-de-la-communaute-portugaise, acessado a 25 de julho de 2022

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