Montreal
Organizações Comunitárias:
POPULAÇÃO DE MONTREAL: 4,277,000
ESTATÍSTICAS RELACIONADAS COM OS PORTUGUESES EM MONTREAL:
| COMO LÍNGUA MATERNA | COMO MAIS FALADA | CONHECIMENTO DA LÍNGUA | NASCIDOS PORTUGAL | ORIGEM ÉTNICA |
| 31,025 (0.7% da população) | 14,570 (0.3% da população) | 45,620 (1.1% da população) | 16,460 (0.4% da população) | 56,405 (1.3% da população) |
A SEGUNDA MAIOR CIDADE PORTUGUESA NO CANADÁ
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Versão de áudio (disponível apenas em inglês):
Quando os primeiros portugueses chegaram ao Canadá, eram obrigados, por decreto, a trabalhar num setor específico pelo período de um ano antes que pudessem encontrar outro emprego ou patrocinar as suas famílias. A maioria dos que chegaram na primeira e segunda onda de imigração (1953 a 1974), acabou por se estabelecer em cidades maiores, como Montreal. Naturalmente, os que se seguiram, seja por carta de chamada ou por conhecimento, também escolheram essas metrópoles como destino principal. Em Montreal, nos quarenta após a chegada do Saturnia a Halifax, a população cresceu substancialmente e, com ela, as marcas físicas, culturais, desportivas e sociais da nossa presença na cidade.
A comunidade começou a formar-se no bairro de Saint-Louis, no Planalto Mont-Royal, devido ao baixo preço das moradias nesta área. Anteriormente um bairro predominantemente judeu, esta área foi rapidamente habitada por europeus que incluíam portugueses, gregos, italianos, polacos, ucranianos e iugoslavos. Em 1976, um estudo efetuado pelo Serviço de Informação Comunitária constatou que 40% dos moradores do bairro de Saint-Louis eram portugueses. Um ano antes, em reconhecimento a este elevado número de residentes portugueses na área, a cidade de Montreal batizou o parque situado na Rue Saint-Laurent e Rue Marie-Anne de “Parc du Portugal”.
Nos anos que se seguiram, a comunidade alargou-se a bairros adjacentes (Rosemont La Petite-Patrie, Villerary-Saint Michel-Parc-Extension e Mercier-Hochelaga/Maisonneuve) e aos subúrbios (Laval, La Salle, Brossard e Longueil). Embora esta dispersão tenha causado o decréscimo na população de luso-canadianos na zona que veio a ser conhecida como 'O Bairro', este continuou a ser o principal centro comunitário da cidade e das localidades cirunvizinhas. Aqui, estabelecimentos comerciais e marcos culturais continuam a sinalizar a nossa presença na cidade.
Foi em Montreal que foi fundada a primeira organização comunitária portuguesa no Canadá quando, a 7 de Janeiro de 1956, Associação Portuguesa do Canadá(APC) abriu o caminho para muitas outras organizações que se seguiram por todo o país. A APC formou também o primeiro rancho folclórico, a primeira escola de português, a primeira banda filarmónica, e o primeiro jornal de língua portuguesa no Canadá. Foi também um importante centro para quem procurava adaptar-se à vida no novo país. Ao longo dos anos, implementou diversas atividades culturais, desportivas e sociais e continua ativa até aos dias de hoje.
O aumento da população portuguesa em Montreal levou naturalmente à formação de novas organizações socioculturais. Em 1963, embora inicialmente um movimento religioso, foi formado o Centro Comunitário Santa Cruz – Missão Santa Cruz, tornando-se a segunda organização mais antiga da cidade. Dois anos depois, em 1965, Clube Portugal Montréal, que atualmente é a associação comunitária mais ativa da cidade, foi fundado. Seguiu-se o Centro de Acção Sócio-Comunitária de Montreal (1972), Casa dos Açores do Québec(1978), o extinto Clube Oriental Português de Montreal (1979), Sport Montreal e Benfica(1985), Instituto Cultural Açoriano (1986), Casa do Ribatejo Associação de Pais (1993), Associação Saudades da Terra Quebequente(1997), Associação Portuguesa do West Island (1997), Círculo de Amigos de Rabo de Peixe (2000) e Centro Cultural Luis de Camões (2015).
Os ranchos folclóricos são considerados por muitos como o elemento cultural mais puro e importante do nosso património. Muitos também sugerem que será através destes grupos que as nossas organizações comunitárias continuarão a prosperar no futuro assim que a primeira e segunda gerações de luso-canadianos nos deixarem. Em Montreal, o folclore português é rico não só em número, mas principalmente na tremenda qualidade que exibe. O primeiro rancho foi formado na APC, mas já não está no ativo. Aquele que está em atividade há mais tempo é o Grupo Folclórico e Etnográfico Português de Montreal, fundado em 1966 sob o nome de Grupo Folcórico Português de Montreal pelo falecido António Lourenço e constituido exclusivamente por crianças. Em 1979, Grupo Cultural Cana Verde foi formado, tornando-se no primeiro grupo da cidade a incluir adultos. Seguiu-se o Grupo Folclórico Praias de Portugal, em 1983, que integra o Clube Portugal Montreal. Em 1992 foi formado o Rancho Folclórico Cantares e Bailares dos Açores, seguido pelo Grupo Folclórico do Ribatejo em 1994, Grupo Folclórico Ilhas de Encanto da Casa dos Açores do Québeque e Rancho Folclórico Verde Minho em 1997.
As bandas filarmónicas, são um elemento cultural de grande relevo em Portugal, mas mais particularmente nos Açores. Em Montreal, há duas filarmónicas. A Filarmónica Portuguesa de Montréal foi fundada no longínquo ano de 1972, e a Banda de Nossa Senhora dos Milagres foi formada em 1997.
Embora não seja necessariamente uma componente cultural, o futebol é mais do que um desporto para os portugueses, e ainda mais para o imigrante. Representa um modo de vida e uma paixão quase genética, passada de geração em geração. A comunidade portuguesa de Montreal não foge à regra. Tem uma longa e ilustre história no futebol, representada por um punhado de clubes que deixou marcas não só na cidade, mas também na Província. O Luso-Stars, componente desportiva da Associação Portuguesa do Canadá e fundado em 1971, foi a primeira equipa de futebol a representar oficialmente a comunidade em Montreal. Apesar de nunca ter conquistado um grande troféu, sempre representou Portugal com distinção. Em 1986, chegou à final da National Soccer League Canada Cup, um jogo que foi disputado no Estádio da Universidade de Montreal contra o clube profissional Toronto Blizzard. Apesar de ter perdido por 2-0, a equipa portuguesa deixou-nos todos orgulhosos.
Outras equipas de futebol portuguesas na cidade incluíram Lusitano Futebol Clube do Club Portugal Montreal, Montréal-Stars, Sporting Club Açores, Soccer Portuguais du Québec, Luso Sporting de Montreal do Sporting Clube Português de Montreal e Club Soccer de Montreal. Os luso-canadianos da cidade também já tiveram a sua própria liga, a agora extinta Liga Comercial Portuguesa de Montreal. Atualmente, o Lusitano Futsal Clube, uma evolução do Lusitano FC, disputa a Futsal Premier League do Quebeque.
Os primeiros imigrantes de Portugal no Canadá foram muito influenciados pela política da época, alimentada pelo regime de Salazar. Como tal, não é surpresa que esses recém-chegados tenham iniciado um movimento político em cidades como Montreal e Toronto. Na capital da Província do Ontário, Associação Democrática foi formada em 1957, após a fundação da Associação Portuguesa do Canadá (Montreal) e First Portuguese Canadian Cultural Centre (Toronto) no ano anterior. Em Montreal, o Movimento Democrático Português de Montréal foi formado em 1963, tornando-se na segunda organização luso-canadiana mais antiga da cidade, embora, tal como a sua congénere em Toronto, já não esteja em funcionamento.
Montreal é a segunda maior 'cidade portuguesa' do Canadá e a segunda com maior número de organizações comunitárias. Tal como em outras comunidades portuguesas pelo país fora, os luso-canadianos que aqui residem enfrentam grandes desafios para manter ativas muitas das suas associações. No entanto, à medida que os tempos mudam, também muda a capacidade de adaptação e da implementação de novas ideias de forma a atrair a geração mais jovem e daqueles que não são descendentes de portugueses mas que demonstram interesse nas nossas celebrações culturais.
A história das organizações comunitárias em Montreal está longe de ser escrita. Nós precisamos da sua ajuda. Caso tenha conhecimento de uma associação que ainda não tenha sido destacada por Lusocanada.com, por favor contacte-nos para iniciarmos a conversa. O nosso lema é 'Escrever a História Juntos'. A sua colaboração não é apenas apreciada, como também é crucial para a melhoria do projeto.
Vamos escrever a história juntos, Montreal!
Referências:
Statistics Canada
https://ville.montreal.qc.ca/memoiresdesmontrealais/les-associations-socioculturelles-de-la-communaute-portugaise, acessado a 25 de julho de 2022
Miguel Simão Andrade, Maria do Patrocinio Lucas, Joaquina Pires, Jean-François Leclerc, Paul Martin, Julie Leclerc, Élodie Choqueux, Marc-André Delorme, Joviano Vaz, Darcy Dunton, Sharon Helfer, Carlos JP do Rio, Luis Aguilar, Amadeu de Moura, Nelson Figueiredo, Nicolas Fonseca, Jorge Martinho, Vincent Cardinal, Isabel dos Santos, Linda Rougeau, Stéphanie Mondor, André Gauvreau, Sandra Simão Andrade, Élizabeth Barbosa, Marie- Hélène Brunet, Éric Coupal, Karine da Costa, Nancy Gonçalves, Sandy Gonçalves, Nuno Lobo, Vitor Matias, Luis Neves, Carla Oliveira, Joaquim Oliveira, Gabriela Maria Pecht, Rosana Pires-Gonçavles, Marie-Eve Plante, Claudia Ribeiro, Susana Sequeira. Encontros. A comunidade portuguesa. 50 anos de voz. Centro de História de Montreal, em colaboração com o Carrefour des jeunes lusófonos do Quebec, 2004.
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Imagining the Built Environment: Montreal’s Portuguese Community – por Claudia Oliveira
Uma jovem luso-canadiana que reside em Montreal escreveu um artigo muito informativo sobre a comunidade portuguesa local. Enquanto aguardamos autorização para publicar a obra na íntegra, por favor consulte o seguinte link para a sua leitura:
http://cityaspalimpsest.concordia.ca/conf08_palimpsest/papers/claudia_oliveira.pdf