Thompson

População de Thompson: 13,035

ESTATÍSTICAS RELACIONADAS COM OS PORTUGUESES EM THOMPSON:

COMO LÍNGUA
MATERNA
COMO MAIS
FALADA
CONHECIMENTO
DA LÍNGUA
NASCIDOS
PORTUGAL
ORIGEM
ÉTNICA
80
(0.6% da população)
25
(0.2% da população)
145
(1.1% da população)
85
(0.6% da população)
240
(1.8% da população)
Fonte: Statistics Canada

A PAIXÃO É A FORÇA DE UMA COMUNIDADE PORTUGUESA CADA VEZ MAIS PEQUENA

Versão de áudio (disponível apenas em inglês):

Situada ao longo do Rio Burntwood, Thompson é a maior cidade do norte de Manitoba e o principal centro de serviços de saúde e comerciais para as comunidades vizinhas. A “Hub of the North”, como foi apelidada, foi formada em 1956, quando a Inco Limited começou a extrair níquel na região. Como resultado, alguns dos nossos pioneiros portugueses no Canadá chegaram à localidade para trabalhar nas minas e nas indústrias de apoio à atividade mineira. Muitos deles acabaram por sair para outras cidades, mas outros, como Rui Lima, permanecem aqui, representando uma comunidade portuguesa cada vez mais reduzida. 

“Aqui, é difícil ser português porque já não somos muitos. Atualmente, acho que nem sequer temos cinquenta portugueses a viver aqui”, começou por nos dizer Rui Lima durante uma conversa via Zoom.

Cidade de Thompson, vista norte (créditos da foto: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:City_of_Thompson.JPG)

No seu apogeu, a comunidade contava com cerca de 400 luso-canadianos. Foi nesta altura que o pai de Rui, Joaquim Lima, chegou a Thompson, em 1968, a quem se juntou a sua esposa, Alice Lima, dois anos depois. Joaquim começou por trabalhar com betão, construindo casas para os trabalhadores da Inco Limited, mas em 1971 iniciou trabalho em regime parcial, limpando o Banco de Montreal da cidade. A atividade tornou-se no seu emprego de inverno, o que o levou a montar a sua própria companhia de limpeza.    

“Havia um salão onde os portugueses se reuniam, o Steel Centre. Aos sábados e domingos, eles juntavam-se para jogar cartas e passar o tempo. Naquela época, não havia rádio ou televisão (portuguesa), mas depois começámos a ouvir o Asas do Atlântico. As pessoas falavam português nas ruas e muitas delas nunca aprenderam inglês”, recordou Rui.

A comunidade, formada principalmente por pessoas oriundas de Portugal continental e alguns açorianos, nunca gozou da formação de um clube português. Durante algum tempo, existiu um supermercado chamado Southwood Groceries que vendia produtos de Portugal, mas ali a variedade era escassa. Recentemente, após a entrada para o novo milénio, o Zé's Café abriu na cidade, mas sucumbiu pouco depois devido ao desinteresse da população.

Joaquim Lima, pai de Rui, foi um ilustre líder da comunidade portuguesa local. Fundou a Escola Portuguesa, que teve Fernanda Magalhães como professora. Realizou também as festas de Nossa Senhora de Fátima, celebradas anualmente a cada dia 13 de maio na Igreja Católica Romana de St. Lawrence. Joaquim também foi fundamental na influência que exerceu sobre o seu filho, Rui, para manter a cultura e os valores que lhe foram passados. “A maioria dos meus amigos eram portugueses e nunca nenhum canadiano foi convidado para as minhas festas de aniversário”, contou-nos Rui Lima.    

Acima de tudo, Joaquim Lima incutiu em Rui o espírito empreendedor. Em 1991, Rui Lima assumiu a liderança de Lima Janitorial, a empresa de limpeza fundada pelo seu pai, que, consigo ao leme, cresceu exponencialmente ao longo dos anos. “Foi difícil porque naquela altura havia muita concorrência, mas em apenas cinco anos atingimos a sustentabilidade financeira”, disse Rui. No entanto, os últimos 15 anos foram os mais desafiantes, porque o crescimento também é sinónimo de mais responsabilidade. “Conseguímos contratos em cidades muito competitivas, mas temos ótimos funcionários. Estou muito orgulhoso de todos eles. Os funcionários fazem de nós quem somos”, confessou Rui.

A Lima Janitorial opera em toda a Manitoba. Thompson e Winnipeg são os seus maiores mercados. No entanto, a transição de Rui para o ramo empresarial foi um processo de experiência acumulada, paciência e perseverança. Desde os seus 15 anos, trabalhou como salva-vidas, e também como instrutor de natação e de primeiros socorros durante nove anos. Foi depois assistente educacional e professor substituto, trabalhou para o governo de Manitoba e para a Câmara Municipal de Thompson e, mais tarde, foi gerente do Walmart local antes da empresa lhe oferecer a sua própria loja em Dauphin, Manitoba. Acima de tudo, contou com o total apoio e colaboração de Elizabete, que tem sido não só uma companheira de vida como a parceira de negócios ideal. 

Elizabete e Rui Lima

Apesar de Rui Lima ter nascido no Canadá, continua a celebrar a sua cultura ao falar o português em casa com Elizabete e ao participar em muitos dos eventos promovidos pelas organizações comunitárias luso-canadianas da Província de Manitoba. Ele e a sua família frequentam regularmente os jantares e outras funções comunitárias organizadas em Winnipeg, uma cidade que fica a oito horas de viagem de Thompson. Rui e a sua empresa também têm sido patrocinadores assíduos de muitos desses eventos. 

Embora Thompson tenha testemunhado o declínio da sua comunidade portuguesa, a família Lima e os outros poucos que restam ainda se mantêm firmes no propósito de manterem as suas tradições. Embora já não possamos ouvir o português tão regularmente pelas ruas da cidade, a nossa cultura e a nossa língua continuam a ser celebradas em residências isoladas por toda a região. Aqui, a força dos números é substituída pela paixão e compromisso.

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