First Portuguese Canadian Cultural Centre

Data de Fundação:23 de Setembro de 1956
Endereço: 60 Caledonia Road
Toronto, Ontario
M6E 4S4
Telefone: 416-531-9971
Email:fpccc@firstportuguese.com
Website:primeiro portuguese.com

A ORGANIZAÇÃO PIONEIRA NO ONTÁRIO

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Versão de áudio (disponível apenas em inglês):

No dia 23 de setembro de 1956, foi oficialmente criada a primeira organização comunitária no Ontário sob o nome de Associação Luso-Canadiana. No entanto, foi forçada a mudar de nome quando os seus fundadores descobriram que outra associação com designação semelhante havia sido criada em Montreal em Janeiro do mesmo ano. Assim, o First Portuguese Canadian Cultural Centre tornou-se na segunda organização comunitária portuguesa mais antiga do Canadá. Os seus fundadores foram: Luís Francisco, António Sousa, Mário Tomás, Raúl Mendes, Manuel Folgado, António Iria, Francisco Gomes, Justino Rodrigues, Américo Carvalho e José Jordão. 

A reunião inicial teve lugar na Nassau Street para discutir o projeto. Assim que tudo ficou acertado, os fundadores decidiram colocar todos os nomes num chapéu para sortear os números de sócio. Foi deste modo que a base de umas das associações mais relevantes da História da nossa presença no Canadá foi criada.  

O First tornou-se rapidamente numa referência da comunidade, servindo não só como centro social e cultural, mas também como Consulado Geral não oficial de Portugal em Toronto. Ajudou milhares de imigrantes a se integrarem à sociedade canadiana enquanto, simultaneamente, celebrava as tradições da pátria-mãe. Foi também dentro das paredes da organização que outras associações comunitárias foram criadas, como a Casa do Alentejo, a Taça Camões, a ACAPO (Aliança de Clubes e Associações Portuguesas do Ontário), o Conselho Etnocultural Canadiano, o Congresso Luso-Canadiano, a União de Crédito Luso-Canadiana e a primeira escola de português em Toronto, entre muitas outras. 

Durante várias décadas, quando a sua sede se localizava na esquina da College e Crawford, o First Portuguese foi o marco mais importante da comunidade portuguesa em Toronto. Aqui, os portugueses assistiam a produções teatrais, participavam em noites de fado, aprendiam o português, liam livros portugueses que faziam parte de uma extensa biblioteca, apreciavam obras de arte e deleitavam-se com a glória de uma equipa de futebol sem rival. 

ESCOLA DE PORTUGUÊS

Escola de Português da FPCCC no Portugal Day Parade, em Toronto

A língua portuguesa foi ensinada pela primeira vez em Toronto A 10 de outubro de 1964, no 244 Augusta Avenue, para uma turma de vinte e um alunos.  Branca Gomes era a professora.  Ela também foi a fundadora da escola.  Quatro anos depois da sua fundação, a escola recebeu reconhecimento oficial do Governo de Portugal.  De 15 a 17 de julho de 1968, os primeiros exames oficiais da 4a classe de português foram realizados no Canadá.  Em setembro desse mesmo ano, o First Portuguese abriu classes para os quinto e sexto anos. 

A escola foi crescendo e, eventualmente, expandiu-se a todos os anos escolares. Atualmente, o First tem acordos com diversas instituições de ensino em Toronto. Os seus professores espalham-se por diferentes escolas da cidade e também lecionam na sede da associação aos fins-de-semana e ao fim da tarde nos dias úteis. 

À sua lista de atividades, o First Portuguese acrescentou uma creche, onde o português é uma das línguas utilizadas. 

CENTRO DE IDOSOS

A 23 de fevereiro de 1980, foi criado o Centro de Idosos para servir sócios e amigos da associação que procuram por oportunidades de divertimento e aprendizagem. Muitos dos pioneiros que chegaram ao Canadá na década de cinquenta fazem parte deste grupo que usufrui ou já usufruiu do programa.

Numa entrevista concedida à Revista Luso-Ontário, em 2008, a então coordenadora do Centro de Idosos, Maria José Tavares, informou que “em 1990 tínhamos entre 50 e 80 [a frequentar o centro] e cerca de 200 idosos a frequentar o jantar anual”. 

No centro de dia, os idosos têm a oportunidade de socializar, fazer artesanato, participar em vários jogos e ver televisão em português. Aqui também são servidas refeições. Os idosos podem também envolver-se em outras oportunidades, como aulas de informática e sessões de exercício físico. 

FUTEBOL

Em 1969, o FPCCC entrou na Liga Nacional de Futebol e sagrou-se campeão logo no primeiro ano. O feito foi repetido em 1979 e 1990. O First adicionou a conquista da Taça da Liga em 1970 e 1979. Se o sucesso dentro do campo foi tremendo, ainda mais surpreendente foi o talento que o First Portuguese conseguiu contratar ao longo dos anos. Jogadores como Matateu, Marinho, Bolota, Bento, Testas e Rilhas jogaram aqui. 

Em 1979, o First Portuguese teve a oportunidade de mostrar a toda sua força ao bater o então campeão português FC Porto por 3-0 num jogo que se tornou no mais memorável da história do clube. 

Em 1991, devido a dificuldades financeiras, o FPCCC foi forçado a exilar o futebol da sua lista de atividades.

O FPCCC também já teve futebol feminino, basquetebol, ciclismo, e até hóquei no gelo. O hóquei foi mesmo um dos desportos com maior sucesso. Entre as conquistas mais memoráveis ​​estão as vitórias na liga em 1991 e 1992, e uma viagem a Portugal para representar o Canadá, a convite da Embaixada do Canadá em Lisboa, num jogo realizado no Palácio do Gelo, em Viseu.

SITUAÇÃO ATUAL

A realidade atual do FPCCC é menos glamorosa do que a do seu glorioso passado, mas continua a ser um ponto de referência para muitos dos portugueses residentes em Toronto. A sua Creche continua a prosperar, assim como o Centro de Idosos. O First Portuguese também oferece aulas de informática e sessões de fitness, entre outras atividades. 

A escola de português continua a ser o estandarte da organização.

Com ficheiros da Revista Luso-Ontário, 2008
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First Portuguese – Símbolo de Resiliência

Por altura da sua fundação, o First Portuguese Canadian Cultural Centre desempenhou um papel crucial na vida de muitos imigrantes que chegaram a Toronto vindos de Portugal. À medida que a população crescia, aumentava também o número de organizações comunitárias na região, muitas das quais foram formadas dentro desta associação. Inevitavelmente, este crescimento relegou o First Portuguese a um patamar de menor relevância. No entanto, continuou a afirmar-se como o principal promotor da nossa cultura na cidade, embora mais tarde se tenha deparado com uma crise diretiva que culminou com a venda da sua icónica sede, situada na College Street, por um valor alegadamente simbólico. O First Portuguese viu-se obrigado a mudar de casa e a reinventar-se gradualmente enquanto lidava com os seus fantasmas do passado. Atualmente, ostenta vitalidade e saúde financeira. Acima de tudo, reconquistou a confiança da comunidade.

Carina Paradela e Aurianne Fazendeiro têm sido preponderantes no desenho do novo e reinventado First Portuguese Canadian Cultural Centre. Através de muito esforço e dedicação, têm assegurado fontes consistentes de receitas e ajudado a organização a estabelecer-se como um provedor de serviços de excelência a membros da comunidade de todas as idades. No entanto, há bem pouco tempo, a situação era tão drástica que obrigou o seu executivo a ponderar fechar as portas daquela que é a segunda organização portuguesa mais velha do Canadá.  

Carina Paradela e Aurianne Fazendeiro

““Quando nós entramos para a direção, o First estava numa situação precária e passado um ano ainda pior estava. Estava ao ponto de, em 2019, no nosso aniversário, avisarmos que íamos fechar a porta porque não tínhamos possibilidades financeiras para continuar. Para nós, ao contrário de outros, a pandemia veio ajudar bastante porque nós estivemos fechados muito tempo”, começou por nos contar Carina Paradela, atual Gerente de Operações e ex-Presidente do Executivo, em conversa travada num sábado de manhã chuvoso em março de 2023. “Houve muita gente que ficou muito chateada quando dissemos em 12 abertamente que íamos fechar. Tivemos que falar para que mais tarde as pessoas não nos viessem dizer que não dissemos nada. Nós tínhamos muitas pessoas que estavam aqui há muitos anos, e nós queríamos fechar conscientemente. Pagar à gente, não ficar a dever renda. Nós não tínhamos dívidas nem nunca tivemos. Precisavamos de muito dinheiro para fechar e tínhamos aqui funcionários há muito tempo", complementou Aurianne Fazendeiro. “A pandemia salvou-nos porque estivemos muito tempo fechados”, continuou Carina Paradela. “O governo ajudou com a renda e não tínhamos folha de pagamento porque não havia funcionários. Durante a pandemia, conseguimos garantir pequenos subsídios, e nós nunca parámos. O nosso summer camp tinha XNUMX crianças, mas fizemos mesmo assim. A nossa creche nunca fechou”, explicou.

Esta versatilidade e adaptabilidade resultaram na revitalização e no melhoramento de programas direcionados a membros da comunidade de todas as idades. De todos os seus programas, o centro de dia da terceira idade continua a ser o foco principal. A certa altura chegou a ter cerca de uma centena de participantes diários, um número que Carina Paradela acredita que pode ser reposto num futuro próximo. “Todos os dias, de segunda a sexta, das nova às três, temos aqui para os idosos ginástica, bingo, arts & crafts, tudo o que se possa imaginar. Todos os meses nós temos uma festa para celebrarmos quem fez o aniversário naquele mês. Temos um tema e temos um artista da comunidade que vem cantar. Eles tomam pequeno-almoço e almoço, tudo incluído, e é tudo grátis. A única coisa é que têm que ser sócios do First, que são $40 por ano para os idosos. Tudo grátis, não pagam nada. Conseguimos isso com apoios do governo e com apoios do Second Harvest, que é uma associação que nos traz alimentos para podermos cozinhar e fazer refeições. Da nossa parte do First, tentamos sempre cobrir os custos dos empregados. Esse é o foco para o qual estamos a trabalhar para conseguirmos o maior número de idosos possíveis. Atualmente, temos entre 70 a 80 sócios, mas diariamente há dias com 15 e há dias com 40, depende do dia. O nosso objetivo é chegar até aos 100, ter cem todos os dias. Vai ser complicado mas queremos chegar lá”, afirmou Carina Paradela. O centro de idosos conta com o serviço de funcionários e voluntários.

A creche é outro dos programas de marca da organização. Devido ao número reduzido de vagas disponíveis, a lista de espera é longa. No entanto, pais com crianças dos 4 aos 12 anos de idade podem utilizar os serviços do First Portuguese durante dias especiais, como as férias de março e do Natal, o summer camp e P.A. Days.    

A escola de português, a mais antiga da Província do Ontário, mantém-se em funcionamento. Embora em anos anteriores tenha oferecido aulas em escolas do ensino primário, atualmente o programa é administrado exclusivamente na sede da associação, todos os sábados, das 9h ao meio-dia, para jovens dos 4 aos 13 anos de idade. “Neste momento, temos ensino geral dividido em grupos de conhecimento ou seja, neste momento temos uma turma de pré-escola, uma outra com meninos que já têm um pouco de conhecimento de português e depois temos uma turma, que foi uma coisa nova este ano, de miúdos entre os 7 e os 13 que não têm conhecimento de português mas que ou eles ou os pais querem que eles aprendam. É uma turma de miúdos com idade mais avançada mas que não têm conhecimento do português. É a nossa turma maior. ”, revelou Carina Paradela para depois anunciar a possibilidade das aulas de português voltarem a ser lecionadas nas escolas primárias: “Esse programa foi interrompido por causa da pandemia, mas depois da pandemia não tivemos procura suficiente para abrir turmas. Não quer dizer que tenhamos cortado a ideia de abrirmos outra vez em escolas, mas infelizmente não tivemos procura suficiente.” Aurianne Fazendeiro acrescentou que algumas pessoas têm pedido aulas de português para adultos, “que também tínhamos antes da pandemia. Vamos ver se podemos inserir este programa.” Todos os professores são profissionais remunerados e possuem acreditação obtida em Portugal. A escola é associada ao Instituto Camões.

Durante a semana, das 7h às 9h30 da noite, há aulas de ESL (Inglês como Segunda Língua) para adultos, um programa que antes da pandemia gozava de lista de espera.

Estes programas são necessários para a preservação da nossa língua e da nossa cultura, para o desenvolvimento dos nossos luso-canadianos mais jovens e para a protecção da dignidade dos nossos idosos. “Somos um centro de portas abertas principalmente para os nossos idosos, um sitio para eles passarem o dia e terem uma segunda casa. É voltar atrás e prestar-lhes uma homenagem. Este movimento associativo começou no First Portuguese e saiu do First, e foram eles que o começaram. Agora é a nossa vez de cuidar de quem o começou.”, afirmou Carina Paradela.

Todos os participantes em qualquer um dos programas oferecidos pela organização devem ser sócios. A quota anual é de $70 ($40 para idosos). “Nós não servimos ninguém que não seja sócio desta casa, seja do daycare, seja do ESL….qualquer serviço. Foi uma coisa que nos tem corrido muito bem porque temos um número maior de pessoas. E nós precisamos de sócios para eleger gente para esta casa. Assim vamos crescendo”, afirmou Aurianne Fazendeiro. Com exceção do centro da terceira idade, a organização cobra uma taxa de inscrição aos participantes dos seus programas.

“A situação financeira melhorou exponencialmente”, revelou Carina Paradela. Não estamos riquíssimos, mas temos noção de que se estivermos um ano sem receber dinheiro, conseguimos manter esta casa aberta, uma coisa que era impensável há poucos anos atrás. Temos um futuro bom. Não queremos mais do que aquilo que temos porque estamos bem, mas claro que gostaríamos de expandir a escola de português.”, informou Paradela.

Para além dos subsídios e taxas de inscrição, a organização também conta com receitas provenientes da OLG Charitable Gaming, um programa que canaliza receitas dos jogos de bingo para organizações comunitários, como é o caso do First Portuguese. Este apoio tem sido crucial para a manutenção da organização.

Embora o First Portuguese Canadian Cultural Centre tenha sido, décadas atrás, vítima de alegada incompetência por parte de membros da direção de então, tanto Carina Paradela como Auriana Fazendeiro não fazem parte desse passado manchado, como Carina sublinhou durante a nossa conversa: “A importância que o First deveria ter na comunidade portuguesa é como uma associação que tem 67 anos, que continua a servir a comunidade da melhor maneiro possível e que se tenha adaptado aos tempos.” Aurianne Fazendeiro interveio para acrescentar: “Nós não somos do tempo do passado. Houve situações que melindraram a reputação do First Portuguese, nomeadamente quando se perdeu a casa lá na College. Isso não é do nosso tempo. Muito gente diz que para o First não dá dinheiro porque já deu e aconteceu isto e aquilo. Isso não é do nosso tempo. Nós queríamos que as pessoas vissem o First com os olhos que nós vimos também. Os nossos filhos estão aqui e são criados aqui. Houve um passado glorificante e outro ali pelo meio não tanto glorificante e muitas pessoas só se lembram dessa parte.”

A segunda associação comunitária mais antiga do Canadá continua a prosperar devido ao esforço e ao compromisso dos seus voluntários e profissionais, mas principalmente à confiança dos membros da comunidade que permanecem fiéis à sua missão. Aqui, jovens e adultos desempenham um papel importante na preservação e promoção de aspectos cruciais do nosso património. O First Portuguese Canadian Cultural Centre é um verdadeiro símbolo de maturidade, resiliência e reinvenção.

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