Elliot Lake

POPULAÇÃO DE ELLIOT LAKE: 10,741

ESTATÍSTICAS RELACIONADAS COM OS PORTUGUESES EM ELLIOT LAKE:

COMO LÍNGUA
MATERNA
COMO MAIS
FALADA
CONHECIMENTO
DA LÍNGUA
NASCIDOS
PORTUGAL
ORIGEM
ÉTNICA
25
(0.2% da população)
5
(0.05% da população)
25
(0.2% da população)
15
(0.1% da população)
45
(0.4% da população)
Fonte: Statistics Canada

CIDADE MINEIRA QUE OUTRORA ACOLHEU UMA DINÂMICA COMUNIDADE PORTUGUESA

Escrito pelo saudoso Armando de Sousa para a Revista Luso-Ontário (2008)

Versão de áudio (disponível apenas em inglês):

Falar de Elliot Lake para mim torna-se difícil, porque cheguei no princípio de 1968, numa altura em que já tinham desativado várias minas de urânio. Restava Denison e Rio Algoma, estava a desativar a Nordic e ativar a Quorque...estas duas minas mantinham uma força de trabalhadores de cerca de 700 cada, todas as outras foram desativadas, incluindo em Seprague, uma mina de cobre e urânio. E com elas existia uma pequena companhia de manutenção de todas as coias que necessitassem de borracha para resistir a ácidos sulfurados e desgaste de pedra.

A cidade, nos áureos tempos da descoberta e extração do urânio, atingiu cerca de vinte mil habitantes, entre o centro urbano e móbil campus. Quando cheguei, eram menos de 7,000 habitantes, muitas casas fechadas, mas as duas minas principiavam a mobilizar maneira de extrato. A comunidade portuguesa não era grande, mas nos anos de 1970 principiou a crescer. Assim, os que chegavam se alojavam em meia dúzia de casas em rés do chão, portanto com frações de amizade. 

A cidade de Elliot Lake

A cidade começou a crescer com os princípios de maior exploração, e iniciaram as festas da Capital do mundo do Urânio. Aí, os portugueses, muito ativos, reuniram um grupo e participaram com um carro alegórico, onde a vindima e música bem do alto Minho formava o cartaz, com um enorme galo de Barcelos - Barcelos, nosso símbolo português no estrangeiro. Este foi o primeiro classificado dos carros alegóricos...

No concurso de beleza, Maria Sousa foi a Segunda Dama.

Tudo isto sem ainda haver suporte ou organização, apenas alguns amigos e essa companhia de borracha, onde havia sociedade de alguns portugueses. Um José Senra, sócio e encarregado dos trabalhos, arranjou subsídio da companhia e o milagre surgiu.

Depois disso, houve um homem de carácter forte e sério, que pertencia à família mais numerosa de portugueses, todos do Alto Minho, já na terra envolvidos em ranchos folclóricos. Este fez um convivio em casa, e foi apresentada uma direção dos homens que lhes pareciam serem mais respeitados.

Essa família para principar formava mais de meio rancho folclórico de seis pares e uma estúrdia com bombo e pandeireta, flauta e brinquinho, este oferecido pela companhia de borracha. Tudo certo! Apenas o homem da concertinha era menos certo. 

Foram convidados muitos portugueses da comunidade, mas não todos, e éramos menos de 200 filhos incluídos, mas esse homem forte que foi Jaime Pimenta conseguiu dar início a muita coisa. O grupo folclórico português de Elliot Lake foi formado. Participaram em diversas paradas dos arredores, mas havia coisas que destoavam dentro da comunidade - sua casa foi mascada com graffiti. Este homem era corretíssimo, mas não resisitiu à pressão e regressou a Portugal.

A nova direção, encimada pelo presidente José Senra e o secretário Armando Sousa, progrediu com o clube, comprou instrumentos e formou uma banda. As reuniões e saídas do rancho para Sault Ste. Marie, Sudbury, feiras de Massey e em Elliot Lake eram sempre um espetáculo muito apreciado. Houve jantares de convívio. Uma das nossas moças foi raínha do festival de urânio e raínha das feiras. 

Foi iniciada uma escola de português com livros oferecidos pelo consulado do tempo onde o chanceler Manuel Sousa teve papel muito ativo a pedido de Jaime Pimenta.

A decaída deste clube principiou pela falta de ética do tesoureiro da época ao não apresentar contas certas nem de bilhetes vendidos para angariação de fundos e nem dos fundos em cofre.

O presidente e o secretário demitiram-se por não quererem fazer parte de uma direção menos honesta, foi nomeada uma comissão para gerir o clube com Manuel Leal a presidir. Estes terminaram com a banda e tudo acabou por se desentender, e assim se dissolveu o clube, tendo o tesoureiro desse tempo, no meio da década 80, gerido os fundos dos quais nunca mais alguém quis saber.

Um dos membros demitidos dessa direção, Armando Sousa, em 1986 iniciou um programa de TV com a ajuda do cônsul Dr. António Tanger Correia e de Luís Arruda, da Rádio e Televisão Portuguesa e Consulado de Nova Iorque, Estados Unidos da América. O nome do programa era SOL DA NOSSA TERRA, mostrando no cabo local as notícias portuguesas da semana e música pelos artistas da época sempre que chegassem as cassestes vindas de Portugal, cortesia da companhia aérea portuguesa. A única coisa que havia em português nessa localidade era este programa. Armando Sousa começou a escrever poesias para esse programa que manteve até ao seu regresso a Toronto em agosto de 1993. Este poeta continuou a escrever nos jornais da comunidade por muitos anos.

Depois que as minas de urânio de Elliot Lake começaram a ser desativadas, esta cidade de Elliot Lake tornou-se numa jóia de aposento para os de idade de ouro. 

Armando de Sousa nasceu a 6 de abril de 1933. Foi líder comunitário, escritor, poeta e um homem de família e de integridade. Em 2008, contribuiu para a Revista Luso-Ontário com o relato intemporal acima referido. Colaborou também com outros meios de comunicação social da comunidade portuguesa de Toronto, incluindo o Jornal Flash. Faleceu a 2 de novembro de 2018, deixando na Terra a sua esposa, 6 filhos, 10 netos e 3 bisnetos.

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