Lusitânia Portuguese Recreation Centre of Ottawa-Hull

Data de Fundação:1963
Endereço:63 Grenfell Crescent
Ottawa, Ontario
K2G 0G3
Telefone:

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Quarto mais antigo do Canadá

Versão de áudio (disponível apenas em inglês):

O Lusitânia Portuguese Recreation Centre of Ottawa-Hull é a terceira associação comunitária portuguesa mais antiga do Canadá e a primeira da capital do país. Ao longo dos seus quase 60 anos de existência, viveu dias gloriosos, mas também momentos difíceis. No entanto, continua forte para servir a comunidade portuguesa nesta região.

Fundada em 1963, tal como muitas outras associações portuguesas, a Lusitânia RPC teve o seu génese numa equipa de futebol formada por alguns homens que se reuniram na Rua Rideau para planear tudo. A equipa entrou na Liga de Futebol de Otava em representação da comunidade portuguesa com o nome de Lusitânia. 

Em 1964, a associação alugou a sua primeira sede na Bank Street e depois mudou-se para a Bronson Street. O futebol permaneceu como a única atividade por alguns anos, embora houvesse um rancho folclórico que utilizava a sede do clube para ensaiar. O futebol era uma forma de ajudar a comunidade a reunir-se para assistir aos jogos e também socializar. Isso levou à criação de outras atividades sociais e culturais para angariar fundos para a equipa de futebol e também como forma de celebrar a nossa cultura. 

Não demorou muito para que a comunidade portuguesa crescesse para números apreciáveis, o que levou a maior participação e, consequente, a eventos mais concorridos. A escola de português, fundada em 1967, resultou deste interesse acrescido. A direção da escola local disponibilizou ao clube uma sala de aula aos sábados de manhã. No seu auge, houve mais de 60 alunos registados num só ano escolar, isto numa comunidade com cerca de 12,000 pessoas. 

Foi no final da década de sessenta que aqui também foi criado um grupo de teatro, que se tornou em grande sucesso nos eventos promovidos pela associação, os quais estavam sempre lotados. 

No entanto, à entrada da década de 1970, tudo começou a mudar devido a algumas ocorrências dentro da comunidade. Uma foi o surgimento de uma igreja portuguesa (Senhor Santo Cristo) em Otava e depois, em 1975, a fundação dos Amigos Unidos do outro lado do rio, em Gatineau. Isto levou alguns associados do Lusitânia a saírem e aderirem a uma dessas novas organizações.

No entanto, estes contratempos não impediram a Direcção do Lusitânia de adquirir sede própria, em 1978, a qual continua a servir de casa para o clube. O prédio era antes um armazém, mas com algum esforço e trabalho por parte da comunidade, foi reformado e transformado no belo salão que atualmente recebe eventos semanais. 

Grupo de voluntários num dos eventos da organização (fonte: página de Facebook da Lusitania)

Por mais louvável que tenha sido, a compra da nova sede não resultou em maior participação por parte dos seus associados e amigos, isto muito por culpa da criação das duas organizações acima referidas. No entanto, a organização mesmo assim aproveitou para alargar a oferta de actividades e de solidificar a sua presença na comunidade. A participação continuou a ser substancial e, como consequência, o edifício foi pago na íntegra em poucos anos. 

Atualmente, a associação continua a orgzanizar regularmente eventos de índole social e cultural, mas também aluga o espaço para outros ocasiões, como é o caso de casamentos e outras celebrações privadas. 

Com ficheiros da Revista Luso-Ontário, 2008
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Lusitânia PRC Ottawa-Hull – 60 anos de história

No ano em que completa 60 anos de existência, o Lusitânia Portuguese Recreation Center de Ottawa-Hull continua a recuperar dos efeitos da pandemia de covid-19. Um grupo de luso-canadianos que ali residem tem efetuado tremendos esforços no sentido de preservar a capacidade operacional da organização durante os periodos de restrições e confinamentos e, mais recentemente, na tarefa de devolvê-la a uma situação estável.

Paula Nascimento, ex-presidente e atual vice-presidente da associação, faz parte desse grupo. Em conversa levada a cabo em abril de 2023, começou por realçar que o seu marido, Paulo Nascimento, deixou o Lusitânia em ótima situação financeira no final do seu mandato, que terminou pouco antes do início da pandemia. “Antes do covid, fizemos obras no clube. Quando o meu marido terminou o mandato naquele ano, tínhamos $35,000 no banco. Depois, surgiu a pandemia e, dois anos depois, já não tínhamos dinheiro. Tive que emprestar dinheiro ao clube para podermos pagar as contas. Durante esse período, fazíamos comida para take-away, vendíamos refeições para tentar sobreviver. Foi assim que tentamos sobreviver. Então começámos a organizar festas e a arrendar o salão. Tem ajudado muito. O clube tem gastos mensais de $2,700”, revelou.

Atualmente, a organização promove um evento mensal para os seus sócios e apoiantes, cada um com um tema diferente, como afirmou Nascimento: “Antes da pandemia, fazíamos dois eventos por mês. Agora, fazemos apenas um. Temos o São João, São Martinho, Dia dos Namorados, Passagem de Ano, Baile da Pinha, Dia da Mãe e muitos outros. Também organizamos uma feira. As pessoas aderem, alugam mesas e vendem coisas. Agora que o covid se foi, estamos a tentar trazer outros eventos de volta. Quando não temos festa, alugamos o salão.”

O arrendamento do salão é uma fonte de receita importante

Foi a partir de uma equipa de futebol, chamada Lusitânia, que se formou a organização, em 1963. Durante décadas, essa equipa participou nos campeonatos locais, tanto nos escalões adulto como juvenil, até que acabou por deixar de competir por falta de fundos. No entanto, Paula Nascimento informou que foi abordada por um patrocinador de renome que tem interesse em devolver o futebola à organização. “Queremos começar com crianças ou jovens. Antes de 2019, eram só adultos – séniores e veteranos”, afirmou.

A escola de português, fundada em 1967, prosperou durante décadas tanto na sede do Lusitânia como nas salas de aula da direção da escola católica local. Paula Nascimento foi primeiro aluna e depois professora da escola até que esta deixou de funcionar em definitivo, em 2013. Atualmente, a Escola de Português Luís de Camões (fundada em 1981) é a única organização que ensina o idioma em Otava. No entanto, Paula Nascimento acredita que é possível reintegrar a escola de português na associação e, assim, criar mais oportunidades para que as crianças e jovens locais aprendam a língua dos seus pais. 

A participação dos jovens nos eventos promovidos pela entidade tem sido um dos focos da atual direção. O eventual regresso do futebol irá, inevitavelmente, contribuir para o objetivo, mas existem outros planos para criar atividades que cativem o interesse dos mais jovens luso-canadianos, incluindo a reativação do defunto grupo de jovens. “Tínhamos um grupo de jovens, mas deixou de funcionar. Atualmente, temos muitos jovens nos nossos eventos porque a nova geração já tem filhos. Na última festa, tivemos 13 crianças a acompanhar os pais”, afirmou Nascimento.

À medida que a população de luso-canadianos que reside em Otava se afasta gradualmente das suas raízes, o mesmo acontece com a afluência aos eventos organizados pela comunidade portuguesa local. Porém, o Lusitânia continua a atrair um grande número de indivíduos com sentido de compromisso que pretendem preservar o nosso património na capital do país. Os eventos promovidos pela organização atraem participantes de todas as idades, mas é na esfera administrativa que se nota o maior compromisso, como revelou Paula Nascimento: “Neste momento, temos um grupo grande e todos já declararam que vão ficar para além deste ano. Estamos a pensar restaurar a fachada do prédio este ano para celebrar o 60o aniversário da associação, dar-lhe um ar mais leve. Já restaurámos o chão e construímos uma nova casa de banho. Agora, precisamos de restaurar a cozinha. Geralmente, são as pessoas da direção que fazem as obras. Quando pedimos ajuda, as pessoas ajudam.”

Actualmente, o Lusitânia conta com cerca de uma centena de sócios pagantes. Entre os benefícios, incluem-se descontos no arrendamento do salão. A associação cobra, aos sócios, uma quota anual de $84.

Embora a imigração portuguesa para a região de Otava tenha estagnado há muito tempo, a organização continua a desenvolver esforços para atrair cada vez mais público. Exemplo disto é o relacionamento que estabeleceu com a comunidade brasileira, cada vez mais numerosa por estas paragens, que fez do salão do Lusitânia a sua casa. “Temos muitos brasileiros que vêm ao Lusitânia. Estamos a colaborar com eles. Fazem as suas festas aqui porque não têm um espaço como nós temos. Estamos a tentar trabalhar com outras associações”, comentou Paula Nascimento.

A organização portuguesa pioneira na capital do país mantém uma forte relação diplomática com o Governo de Portugal. Mantém relações estreitas com a Embaixada de Portugal em Otavaa e é regularmente convidada a integrar comités consultivos. Aquando da visita de ilustres convidados vindos de Portugal, as recepções oficiais são habitualmente realizadas no salão do Lusitânia. A lista de visitantes ilustres inclui ex-presidentes, primeiros-ministros, secretários de estado e chefes das nossas regiões autónomas. 

Uma placa assinala a visita do Primeiro-Ministro de Portugal, em 2018

À medida que se atenuam os efeitos da pandemia de covid-19, a atual direção continua a encontrar formas de melhorar a experiência de todos aqueles que visitam a sede da organização. Estas novas medidas incluem a recente instalação de wi-fi, obras de restauração e a reintrodução de grupos e atividades que eram, outrora, aqui populares. O regresso das Marchas e das noites de bingo são dois exemplos. A direção está também a explorar a possibilidade de abrir as suas portas a sócios e amigos todas as sextas-feiras à noite.

O Lusitânia é a quarta organização comunitária portuguesa mais antiga no Canadá. Ao longo dos anos, tem contribuído para a preservação e valorização de elementos cruciais do nosso património, mas também tem acumulado riqueza física. Atualmente, a sua sede encaixa-se numa propriedade que vale cerca de dois milhões de dólares. Acima de tudo, a organização é responsável por um impacto duradouro nos panoramas cultural, cultural e social da região, e pela garantia de estabilidade por anos vindouros.

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