Winnipeg

Organizações Comunitárias:

Associação Portuguesa de Manitoba - Casa do Minho - Casa dos Açores - Banda Lira de Fátima

POPULAÇÃO DE WINNIPEG: 833,000

ESTATÍSTICAS RELACIONADAS COM OS PORTUGUESES EM WINNIPEG:

COMO LÍNGUA MATERNA	COMO MAIS FALADA	CONHECIMENTO DA LÍNGUA	NASCIDOS PORTUGAL	ORIGEM ÉTNICA
6,095 (0.7% da população)	2,680 (0.3% da população)	7,725 (0.9% da população)	4,055 (0.5% da população)	12,870 (1.5% da população)

Versão de áudio (disponível apenas em inglês):

O CENTRO DA COMUNIDADE EM MANITOBA

A cidade de Winnipeg é, de longe, a localidade de eleição dos luso-canadianos que se estabeleceram em Manitoba, com cerca de 90% da população portuguesa na província que vive e trabalha aqui. É também nesta cidade que se estabeleceram todas as organizações, comércio e serviços comunitários.

Winnipeg não foi, inicialmente, o destino para os primeiros portugueses que chegaram à província. A maioria veio para trabalhar nos caminhos de ferro ou na agricultura, em espaços mais rurais. Porém, durante os meses de inverno, muitos desses pioneiros procuravam abrigo e trabalho temporário na cidade, e muitos acabaram por lá ficar. A área em redor da Igreja Católica St. Mary’s tornou-se o ponto focal da comunidade numa altura em que não havia associações e a participação numa paróquia específica à comunidade ainda não tinha sido estabelecida. Tudo mudou em 1966 com a chegada do Padre Pedro Fernandes à Paróquia da Imaculada Conceição, que coincidiu com a formação da Associação Portuguesa de Manitoba nesse mesmo ano.¹

Antes disso, a comunidade frequentava as paróquias de St. Mary’s, Sacre Couer e Holy Rosary (estas últimas ambas já demolidas), mas embora a Imaculada Conceição estivesse mais afastada do centro da comunidade, a missa celebrada em português apelou aos luso-canadianos. Inicialmente, a paróquia não servia exclusivamente a comunidade portuguesa, mas tudo mudou em 1978 após um incêndio que destruiu parte da igreja. A comunidade assumiu a tarefa de reformar o prédio e, em 1980, inaugurou-o como a primeira paróquia a servir exclusivamente os portugueses na cidade. Mais tarde, o Padre Pedro Fernandes tornou-se Monsenhor e acabou por se reformar na década de 1990. No entanto, o seu nome ficará para sempre ligado ao movimento religioso português em Winnipeg.²

Foi na igreja que a Banda Lira de Fátima, a primeira e única banda filarmónica da cidade, foi formada em 1993. A banda tem atuado em diversos eventos comunitários promovidos pelas várias associações locais, mas continua muito ligada à paróquia. Durante a década de 1970, começou a ensaiar na sede da Associação Portuguesa e, mais tarde, passou também a celebrar aí os seus principais eventos.

A Associação Portuguesa é a organização pioneira na cidade. Fundada em 1966, rapidamente se tornou num influente centro cultural, social e desportivo para a comunidade. Formou a primeira equipa de futebol, que se sagrou campeã da cidade por diversas vezes, o primeiro rancho folclórico que se alargou para outros grupos, e a primeira escola de português da cidade, ostentando, a certa altura, mais de 300 alunos matriculados. Também introduziu várias atividades que incluem produções teatrais e musicais, bem como a celebração de eventos tradicionais. Foi na sede da associação que outros grupos se formaram, como a Liga Feminina e o grupo de jovens Nova Geração da Associação. A Associação Portuguesa de Manitoba foi a primeira a representar Portugal no Folklorama, em 1972. Atualmente a organização está sediada no Centro Cultural Português, um edifício localizado no centro da cidade que foi construído com a ajuda da comunidade e inaugurado em 1988.

Em 1974, o Centro Português Casa do Minho foi formado a partir de um rancho folclórico que pretendia representar a província mais a norte de Portugal. A organização cresceu rapidamente para outras áreas. Introduziu o futebol logo após sua fundação, assim como produções de teatro, concertos, e muitas outras atividades que apelavam aos seus associados. Em 1983, foi admitido no Folklorama como a segunda associação local representativa de Portugal com um pavilhão, que mantém desde então. Atualmente, tem sede própria com um salão enorme que recebe os diversos eventos da associação. O prédio também alberga escritórios de aluguer no andar superior.

Ao longo dos anos, a comunidade açoriana de Winnipeg sentiu falta de representação, embora a Associação Portuguesa de Manitoba e Casa do Minho tenha feito tentativas para acomodar e introduzir elementos culturais do arquipélago nas suas celebrações e eventos. No entanto, a preocupação era legítima pelo simples fato de que essa comunidade específica possui certos aspectos culturais que precisam ser celebrados em conformidade. Foi sem surpresa e com muito alívio que Casa dos Açores de Winnipeg foi fundada, em 1992. Desde então, adquiriu uma sede própria e implementou várias actividades dirigidas à comunidade ilhéu, embora todos os luso-canadenses, independentemente do local de origem, sejam bem-vindos e participem.

A maioria dos membros da comunidade portuguesa de Winnipeg continuam a viver e a trabalhar na cidade, mas alguns já se mudaram para os subúrbios em busca de um ambiente mais espaçoso e relaxante. No entanto, as associações da cidade continuam a uni-los regularmente. De facto, há luso-canadianos que viajam frequentemente cerca de mil quilómetros para participar em eventos comunitários, como é o caso de Rui Lima e da sua família de Thompson, Manitoba. Os locais também costumam participar em atividades promovidas no Parque Português, localizado em Saint Laurent, nas margens do Lago Manitoba, e na Winnipeg Beach, locais de lazer prediletos dos luso-canadianos que habitam a região.

Nos últimos tempos, a imigração oriunda de Portugal estagnou. No entanto, a vasta comunidade que escolheu Winnipeg para trabalhar e viver, tem demonstrado extrema dedicação à preservação do nosso património na cidade. As associações são vibrantes e dinâmicas, e a participação da comunidade tem sido exemplar. Ao contrário de muitas outras comunidades portuguesas no Canadá, a de Winnipeg prospera e não parece enfrentar muitos dos desafios testemunhados em outras localidades. Trata-se de uma comunidade que pode ser usada como modelo para outras que estão enfrentar desafios difíceis no campo associativo.

Referências 1 e 2: Bairos, Agostinho (1991), Um perfil da comunidade portuguesa em Manitoba. Winnipeg: Secretaria de Multiculturalismo de Alberta.  

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