Clube Portugal de Montreal

Data de Fundação:	19 de abril de 1965
Endereço:	4397 Boulevard St-Laurent Montreal, Quebec H2W 1Z8
Telefone:	(514) 844-1406
Email:	clubeportugalmontreal@hotmail.com

A SEGUNDA ASSOCIAÇÃO MAIS ANTIGA DE MONTREAL

Versão de áudio (disponível apenas em inglês):

Montreal tem a segunda maior população luso-canadiana do Canadá. Assim, é natural que também tenha algumas das organizações comunitárias mais antigas ainda em funcionamento. O Clube Portugal Montreal é uma dessas organizações que resistiu ao teste do tempo. Fundada a 19 de abril de 1965, tornou-se a segunda mais antiga da cidade e a 7ª^thno país. Além disso, também adquiriu o estatudo de organização comunitária portuguesa mais proeminente em Montreal.

Muitas organizações nascem de separações e/ou desentendimentos entre membros de uma associação estabelecida, um fenómeno testemunhado em várias comunidades do país. Este parece ser o caso do Clube Portugal de Montreal. Há quem conte que a associação foi fundada quando alguns membros da Associação Portuguesa do Canadá (então a única associação da cidade), que não se alinhavam com as tendências políticas da organização na época, acharam importante formar uma associação politicamente neutra . Independentemente do motivo, a formação de outra associação em Montreal para além daquela que foi pioneira do movimento em todo o Canadá, era inevitável. A comunidade crescia e, como consequência, os luso-canadianos começarama a ansiar por uma seleção mais vasta de oportunidades culturais e sociais.

O primeiro presidente do Clube Portugal de Montreal foi Jaime Monteiro.

Nos últimos anos, a organização tornou-se num ponto focal para a comunidade portuguesa na região. António Moreira, o atual presidente, envolveu-se pela primeira vez com a organização em 1994 na qualidade de tesoureiro. Natural de Terras de Bouro, chegou ao Canadá em 1981 com a esposa e dois filhos. Ele é o fundador e ex-proprietário do Café Central Português, um estabelecimento famoso entre a comunidade portuguesa de Montreal. Ao longo dos anos, construiu um pequeno império imobiliário, mas nunca deixou de partilhar os frutos do seu sucesso com a comunidade. “Envolvi-me em associações muito jovem, em Portugal. Fundámos uma associação na minha cidade”, começou por nos contar numa conversa telefónica. No Canadá, levou pouco mais de uma década para seguir o seu chamamento. “Pediram-me para ajudar o Clube Portugal. No começo, eu não tinha muita certeza, mas disseram-me que as coisas não estavam boas. Então, entrei em 1994 e ainda estou aqui. Comecei como tesoureiro, depois fui presidente, saí dessa função por cerca de cinco anos e aqui estou de novo”, disse.

António Moreira dedica grande parte do seu tempo à associação. O seu empenho, juntamente com o apoio dos membros da direção, tornou o Clube Portugal de Montreal numa organização dinâmica e financeiramente estável, pronta para enfrentar os desafios a que os tempos atuais obrigam. “Sempre que tenho tempo, abro o salão. Eu venho aqui e as pessoas aparecem. Há sempre alguma coisa para fazer aqui. Estou sempre ocupado”, disse. Para além da tarefa quotidiana de disponibilizar a sede para os sócios, António Moreira tem também ajudado a implementar diversas atividades e apoiado grupos dentro da organização, como a equipa de futebol e o rancho folclórico.

O rancho folclórico, que representa a região do Minho e dá pelo nome de Praias de Portugal, foi fundado em 1985 por José Lopes, José Antunes, José Cerqueira e Manuel Ferreira, e mantém-se ativo até aos dias de hoje. António Moreira chama-lhe o pilar da associação. “Temos cerca de oitenta elementos, temos um grupo grande. Já fizemos uma digressão a Portugal e gravámos um CD. Temos convites não só daqui, mas também de outras partes. Viajámos várias vezes para os Estados Unidos e para Toronto. Este é o resultado do grande trabalho do grupo que está à frente da organização. Isto é tudo feito por voluntários, ninguém ganha salário”, frisou Moreira.

A digressão a Portugal, em 2011, é o destaque do ilustre Praias de Portugal. Durante essa estadia, atuou em nove locais diferentes no período de um mês. “Tocámos em Terras de Bouro, duas vezes em Ponte da Barca, em Monção também fizemos parte de um programa da RTP, tocámos num festival de folclore em Trás-os-Montes, fomos a Viseu, Fátima... As pessoas deram-nos os parabéns e admiravam-se como conseguimos formar um grupo assim na América do Norte”, contou Moreira. Recentemente, o grupo atuou para Augusto Santos Silva, Presidente da Assembleia da República de Portugal, que visitou o Canadá para as comemorações do Dia de Portugal, em 2022, e que foi convidado especial do Clube Portugal de Montreal.

O futebol, sob a designação de Lusitano Futebol Clube, também tem sido um marco importante da associação desde a sua criação. A certa altura, ostentava equipas de adultos e de veteranos, participando na Liga de Quebeque durante muitos anos. No entanto, foi obrigada a cessar a sua atividade quando a Federação de Futebol de Quebeque implementou regulamentos que forçavam todas as equipas competitivas a ter uma escola ou academia de futebol. “Já tínhamos [escola de futebol] há algum tempo, mas era muito caro e parámos por volta de 2005. O futebol existe aqui desde o início da associação. A equipa de elite era semi-profissional. Não conquistámos nenhum troféu na liga de elite, mas ganhámos outros troféus. Estão todos em exposição”, disse Moreira. Estas alterações obrigaram a equipa de adultos a abandonar o futebol de onze e aderir à liga de futsal, onde tem representado honrosamente a organização e a comunidade portuguesa com um nome ligeiramente diferente: Lusitano Futsal Clube.

O Clube Portugal de Montreal instalou-se primeiro na Rue St. Catherine, depois mudou-se para a Rue Prince Arthur e mais tarde para o Mount Royal. Foi justamente neste último local que ocorreu uma das tragédias mais danosas da história da organização, quando um incêndio tomou conta do prédio e levou tudo em seu caminho. “Foi tudo destruído. Perdemos a história. É um vazio que sinto aqui, a perda da nossa História. Agora é importante recuperar essa história”, afirmou Moreira, sombrio.

Porém, como diz o ditado, “quando uma porta se fecha, outra se abre”. Foi exatamente isso que ocorreu. Após o incêndio, o Clube Portugal de Montreal mudou-se para o local atual, no Boulevard St-Laurent. A organização começou por alugar o espaço, mas ao saber que os proprietários tencionavam vender o prédio, a Direção da época aproveitou a oportunidade e completou a compra. O Clube ocupou o segundo andar do prédio e os antigos proprietários permaneceram como inquilinos, no rés-do-chão, onde funciona um supermercado . Adquirida em 1980, a atual sede – totalmente paga – possui um salão com capacidade para 265 pessoas, bar e cozinha industrial totalmente reformada. Também há um espaço para uma modesta biblioteca e para os inúmeros troféus e lembranças que a organização colecionou ao longo dos anos.

A pandemia de Covid-19 afetou o Clube Portugal de Montreal, mas a organização está preparada para enfrentar os desafios que se avizinham. O rancho folclórico está novamente no ativo e a equipa de futebol participa de mais uma vez no principal campeonato de futsal de província. O salão também reabriu para sócios e população em geral, e os inúmeros eventos que a organização promove anualmente estão de regresso.

“Estamos bem financeiramente, não dependemos de ninguém”, afirmou Moreira. A julgar pela forma célere como a organização recuperou de uma paragem forçada devido à pandemia, as palavras do presidente aplicam-se tanto à sua situação financeira como também ao seu bem mais precioso: os seus sócios e amigos.

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