Norfolk County

POPULAÇÃO DE NORFOLK COUNTY: 64,044

ESTATÍSTICAS RELACIONADAS COM OS PORTUGUESES EM NORFOLK COUNTY:

COMO LÍNGUA
MATERNA
COMO MAIS
FALADA
CONHECIMENTO
DA LÍNGUA
NASCIDOS
PORTUGAL
ORIGEM
ÉTNICA
640
(1% da população)
265
(0.4% da população)
755
(1.2% da população)
490
(0.8% da população)
1,165
(1.8% da população)
Fonte: Statistics Canada

COMUNIDADE PORTUGUESA DE SIMCOE

Artigo baseado numa peça de Paulo Pereira para a Revista Luso-Ontário, 2008

Versão de áudio (disponível apenas em inglês):

Se visitar Simcoe, poderá não reparar que aqui reside um número significativo de portugueses. Há na localidade uma longa tradição de muitos luso-canadianos que ajudaram a moldar este distrito. Os que aqui se estabeleceram, e outros que traçaram o caminho, têm desempenhado um papel importante na evolução da região, tanto como trabalhadores nos campos do tabaco durante as décadas pioneiras como em outras indústrias e comércio da região. Apesar da localidade nunca ter conhecido um clube português com sede permanente, houve um estabelecimento que fez o papel de associação: o Simcoe Billiards.   

Simcoe Billiards

A inauguração do estabelecimento, na década de oitenta, tornou-se num grande acontecimento para a comunidade portuguesa desta pequena vila. Foi aqui que, desde então, a comunidade se reuniu para socializar e conversar sobre a pátria-mãe, tornando-se no clube português não oficial da cidade de Simcoe. 

O Simcoe Billiards era propriedade de ingleses antes de um barcelense o comprar e depois vendê-lo a João Miranda e José Campos, ambos de Barcelos. O estabelecimento depressa se tornou no local predileto para membros da comunidade se reunirem para socializarem, jogarem às cartas e assistirem ao futebol. 

Um dos frequentardores do bilhar foi Manuel Medeiros. Chegou a Simcoe em 1968, oriundo de São Miguel, seguindo o seu pai, que chegara ao Canadá 3 anos antes. “O meu pai veio trabalhar nos caminhos de ferro, mas acabou por trabalhar nas plantações de tabaco... era a vida dele. Trabalhei com ele durante algum tempo, mas depois trabalhei na construção, na Stelco, na refinaria de Nanticoke, na Hydro, etc…», relembrou Manuel Medeiros.

Manuel Fernandes é outro dos luso-canadianos que frequentou regularmente o Simcoe Billiards. Natural da Lousã, distrito de Coimbra, chegou ao Canadá em 1969 e recorda ter ajudado muitos conterrâneos a emigrar para esta vila. “Quando cheguei aqui, não havia muitos portugueses. Havia meia dúzia deles. Na década de setenta, chegaram muitos portugueses. Quando cheguei aqui, muitas vezes ia a Toronto buscar às carradas deles. Quando os da minha terram souberam que eu estava aqui, telefonavam-me e eu ia buscá-los a Toronto e o patrão é que os legalizava. Eu lembro-me destas estradas do sul do Ontário serem carreiros de cabras e hoje são auto-estradas. Você não faz ideia dos portugueses que estavam cá nessa altura. Hoje há dois ou três mil portugueses. Nos anos oitenta vieram alguns, mas não tantos, e nos anos noventa o pessoal deixou de vir. Eu vim para trabalhar no campo porque não sabia falar inglês. Foi vida dura no início. Eu ganhava quatro dólares por dia e pagava 1970 por mês para "room and board". Depois, comecei a trabalhar na construção, na Stelco, onde trabalhei 4 anos. Trabalhavam lá muitos portugueses. Fui encarregado de 30 homens”, lembrou Manuel Fernandes. 

Manuel Fernandes e Manuel Medeiros

Em 1997, a comunidade portuguesa de Simcoe decidiu fundar a Simcoe Luso, uma organização que realizava algumas festas em salões alugados e que até efetuou a compra de uma propriedade situada na estrada que liga Simcoe a Delhi. “Queríamos construir um salão e comprar um terreno. Angariámos fundos na comunidade, mas a organização cometeu o erro de comprar o terreno onde a construção não era permitida. A construção nunca foi avante”, disse Manuel Fernandes. “Fazíamos reuniões nas casas das pessoas e alugávamos salões em Port Dover, Delhi e Simcoe para fazermos festas”, lembra.

Da última vez que verificámos, o terreno ainda está registado em nome de Simcoe Luso.

Enquanto o Simcoe Billiards desempenha o papel de Clube Português, o mês de maio marca o maior evento para a comunidade luso-canadiana nesta região, quando decorrem as festividades de Nossa Senhora de Fátima. 

COMUNIDADE PORTUGUESA DE DELHI

Artigo baseado numa peça de Paulo Pereira para a Revista Luso-Ontário, 2008

Versão de áudio (disponível apenas em inglês):

No passado, Delhi foi residência de eleição de muitos portugueses que trabalhavam nas plantações do tabaco. O declínio dessa indústria e a integração da nossa comunidade na sociedade canadiana causaram um êxodo significativo. Arnaldo Oliveira, ex-proprietário de Arnie's Billiards, é um dos últimos portugueses a chamar Delhi a sua casa. 

Encontrámo-lo no seu estabelecimento comercial numa bela tarde de primavera, em 2007, meses antes de ele fechar as portas de Arnie's Billiards para sempre.  

arnaldo oliveira

“Não posso dizer quantos portugueses vivem aqui, mas deve haver cerca de duas dezenas de famílias”, começou por nos dizer Arnaldo Oliveira. “Cheguei a Delhi em 1975”, continuou, “quando tínhamos muitos portugueses aqui. Muitos já regressaram ao país. Estou neste negócio desde 1989 e isto já era de um português, um bilhar exatamente como é agora. O antigo dono deste bilhar abriu uma loja, mas foi forçado a fechá-la há cerca de meia dúzia de anos. A comunidade está a ficar cada vez mais pequena”, ​​lamentou, para depois falar do passado. “Aqui foi bom para se viver porque era uma zona do tabaco. Eu lembro-me, há trinta anos atrás, quando cá cheguei, você não tem ideia de quantos portugueses viviam aqui. Alguns saíam no inverno, mas a maioria veio para ficar. Sou natural do Concelho de Amares. A maioria das pessoas aqui é do Minho, mas também temos alguns da Lousã e Açorianos. Este estabelecimento era um local onde os portugueses se encontravam, mas hoje em dia nem tanto.” 

Quisemos saber se os jovens ainda falam português. “Os jovens portugueses vestem a camisola da seleção nacional, têm orgulho de serem portugueses. Eles vêm aqui à procura da camisola quando Portugal está nas competições internacionais. Tenho aqui o futebol ao fim-de-semana, tenho todos os jogos. A maioria tem o futebol em casa, mas muita gente vem aqui ver o jogo. Hoje, sou o único estabelecimento português. Há uma garagem de automóveis que também tem um dono português. Tenho isto à venda e tenho intenções de fechar ainda este ano," lamentou.   

O último pedaço palpável da história da comunidade portuguesa em Delhi desapareceu com o encerramento de Arnie's Billiards.

Com ficheiros da Revista Luso-Ontário, 2008
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