ACAPO – Aliança de Clubes e Associações Portuguesas do Ontário

Esta página é patrocinada por:

Data de Fundação:10 de Junho de 1987
Endereço: 337 Symington Avenue, Suite 203
Toronto, Ontario
M6P 3X1
Telefone:416-536-5961
Website:acapo.ca

MAIS DE TRÊS DÉCADAS DE EXCELÊNCIA AO SERVIÇO DA COMUNIDADE

Versão de Áudio (disponível apenas em inglês):

A ideia de formar a ACAPO partiu de Martinho Silva que, em 1987, lançou o projeto. Foi realizada uma reunião na extinta Casa do Algarve para definir os parâmetros da associação e, semanas depois, oito organizações comunitárias aderiram ao movimento e formaram o grupo original. Manuel de Almeida Melo, Manuel Brito Fialho, Florival Torres da Silva, Arlindo Alberto Fernandes, Victor Manuel S. Pereira, Adelino Figueiredo Pereira, Salome Mendes Gonçalves, Lucia Jesus Leite Cardoso e Manuel Gilberto Moniz, assinaram os documentos da incorporação e registaram a organização na Província do Ontário.

Antes da constituição da ACAPO, as festividades do Dia de Portugal eram organizadas pelo Conselho das Comunidades e pelo Consulado de Portugal em Toronto. No entanto, há indicações de que o Padre Cunha foi o pioneiro destas comemorações na região, mas em escala bem menor.

O primeiro evento coordenado pela ACAPO ocorreu em 1987, quando celebrou o dia 10 de junho com uma pequena parada na Dundas Street, da Bathurst ao Bellwoods Park. Durante algum tempo, a rota da parada foi alterada para a Dufferin Street, do Dufferin Mall ao Ontario Place, antes de seguir permanentemente a rota tradicional da Dundas Street entre a Lansdowne Avenue e o Bellwoods Park.   

Laurentino Esteves, ex-presidente do Conselho de Presidentes por mais de uma década, recorda uma época em que dezenas de milhares de pessoas ocupavam o Bellwoods Park para assistir aos seus artistas favoritos que chegavam de Portugal. Recorda um ano em particular em que Jorge Ferreira atuou aqui. “Tivemos umas 100,000 mil pessoas lá”, contou-nos numa conversa telefónica.

Nos primeiros 10 anos de existência, a ACAPO foi extremamente eficaz na manutenção e promoção da cultura portuguesa. O seu foco voltou-se principalmente para as gerações mais velhas com muito sucesso, a julgar pelo número de participantes nos eventos realizados no Bellwoods Park. Em 1997, com a eleição de José Eustáquio para Presidente da organização, houve o cuidado de envolver a geração mais jovem, uma medida que obteu resultados fantásticos em termos de participação de público.

Associação Migrante de Barcelos na Parada do Dia de Portugal 2012

José Eustáquio, o presidente com o maior número de mandatos da história da organização, aprofundou o assunto da evolução da ACAPO numa entrevista concedida à Revista Luso-Ontário, em XNUMX. Segundo Eustáquio, XNUMX revelou-se um ano difícil para a organização devido a um plano bem-intencionado e ambicioso que resultou em turbulência financeira. "Havia sido lançada uma iniciativa para arrecadar fundos para o Parque Camões. A ACAPO tinha decidido realizar as comemorações do diaXNUMX de junho no antigo estádio da CNE onde Linda de Suza iria atuar, mas ela acabou por cancelar. A Aliança perdeu cerca de oitenta mil dólares na época. Este grupo, liderado por Martinho Silva, Manuel Carvalho e Jorge Ribeiro, entre outros, pediu às empresas da comunidade que doassem XNUMX dólares cada para pagar as dívidas da Aliança e angariar fundos para a entrada da compra do Camões Park. Eles tinham promessas de XNUMX dólares mas receberam apenas XNUMX, XNUMX mil”, explicou Eustáquio.  

A ideia do Parque Camões iria beneficiar sobremaneira a comunidade, mas , apesar da compra ter sido efetuada, o projeto nunca foi concluído. 

 “Em 1990, quando aconteceu a tempestade financeira, a Labatt decidiu patrocinar agressivamente o 10 de junho. Quando entrei na Labatt naquele mesmo ano, o negócio já estava fechado”, relembrou José Eustáquio.    

Durante a sua primeira década de existência, a Aliança de Clubes e Associações Portuguesas do Ontário rapidamente se estabeleceu como o principal promotor do património português na Grande Toronto, mas a eleição de José Eustáquio para Presidente do Conselho, em 1997, elevou a organização a um nível superior. O maior envolvimento dos jovens foi uma das revigorantes mudanças introduzidas por Eustáquio ao promover a ideia de uma Aliança Juvenil. O grupo ajudou a organizar noites de jovens e concertos em vários estabelecimentos da comunidade. As associações estudantis da Universidade de Toronto e da Universidade de York aderiram à Aliança e envolveram-se mais na vida da comunidade. Graças a Eustáquio e ao seu executivo, deu-se início a uma nova era de envolvimento por parte dos nossos jovens que aderiram entusiasticamente ao projeto.

Elementos do Rancho da Associação Cultural do Minho na Parada de Portugal 2012, organizada pela ACAPO

Ambicioso por natureza, José Eustáquio uniu ainda mais a comunidade quando começou a contratar artistas portugueses que atraíam o público mais jovem. Nomes como Xutos e Pontapés, Santos & Pecadores, Pólo Norte, Pedro Abrunhosa e Delfins fizeram parte desta audaz iniciativa que colheu frutos tremendos no processo de incentivar os mais jovens a participarem na vida comunitária, nem que fosse apenas um dia por ano.  

Quando assumiu a direção da ACAPO, José Eustáquio tinha grandes planos. “Em 1997, era o décimo aniversário e tínhamos que fazer uma grande festa do 10 de junho. Naquela época, a Aliança tinha cerca de 17 membros. A ideia era criar uma maior participação. A velha guarda da Aliança não concordou com algumas das minhas propostas e alguns foram embora”, recordou Eustáquio numa entrevista concedia à Revista Luso-Ontário, em 2008. “Correu bem, tivemos aqui artistas que a comunidade nunca mais teve a oportunidade de ter aqui. Nesse primeiro ano tivemos Pedro Abrunhosa, Luís Represas, Santos e Pecadores, Trio Odemira. As despesas eram altas, mas a ideia era atrair mais jovens. Acho que foi o melhor público que já tivemos. A noite de Pedro Abrunhosa foi fantástica. Ainda há uma certa crítica de que o meu tempo na Aliança concentrou-se na juventude e não na população mais velha”, refletiu.

A visita do então Presidente de Portugal, Jorge Sampaio, em 2001, marcou um marco na história da ACAPO quando a organização estava financeiramente sólida. No entanto, tudo mudou em 2002. Nessa mesma entrevista, José Eustáquio relembrou um ano em que houve grande divisão entre os líderes comunitários, o que levou a perdas financeiras e também de membros da ACAPO. “Muitos clubes saíram da Aliança, houve outros membros que se tornaram menos ativos na Aliança, e depois a própria situação financeira porque houve empresas que foram abordadas para não patrocinar a Semana de Portugal”, lamentou. 

Os ex-combatentes portugueses que residem no Canadá também participam na Parada

Ao longo do tempo, a ACAPO ganhou e perdeu membros, e embora a sua evolução seja inegável, também é verdade que foi vítima da integração natural dos luso-canadianos na sociedade em geral. O património acaba sempre por sofrer com esta inevitável integridade. O número de membros flutuou ao longo das últimas três décadas, mas, atualmente está mais forte do que nunca. Segundo o líder comunitário Laurentino Esteves, “a organização está saudável”. 

O número de membros flutuou ao longo das últimas três décadas, mas, atualmente com 38 associações membras, está mais forte do que nunca. Segundo o líder comunitário Laurentino Esteves, “a organização está saudável”.

Décadas depois da fundação da ACAPO, a principal missão permanece intacta: celebrar o Dia de Portugal. No entanto, o Dia alargou-se para quase um mês de eventos que culminam com uma semana particular repleta de atividades desenhadas para celebrar a presença portuguesa no Canadá. A Parada, as actuações de artistas que vêm de Portugal e o Festival de Folclore mantêm-se como os principais eventos que integram as comemorações da Semana de Portugal.

José Eustáquio

José Eustáquio afastou-se voluntariamente do cargo de Presidente e foi substituído por Katia Caramujo em 2018, marcando a primeira vez que a ACAPO elegeu um novo Presidente em 21 anos. Porém, Eustáquio continua a ocupara o cargo de Presidente da Semana de Portugal.

A Semana de Portugal, uma iniciativa audaz que atrai milhares de participantes todos os anos, é um grande empreendimento para os organizadores. O evento acarreta custos na ordem dos centenas de milhares de dólares. Acrescenta-se a isto a tremenda quantidade de mão de obra necessária para coordenar todos os eventos. É notável que essa façanha seja implementada por apenas voluntários. 

As comemorações da Semana de Portugal confundem-se com a própria ACAPO porque, no fundo, uma não existe sem a outra. Todos os anos, milhares de espectadores fazem fila nos passeios da Dundas Street para assistir a carros alegóricos e outros elementos culturais que refletem a cultura e tradições portuguesas. Milhares de outros já assistiram a concertos, exposições e demais eventos promovidos pela organização, anualmente, durante o mês de junho. 

A ACAPO ficará para sempre na história como um dos mais importantes promotores da nossa cultura e tradições não só na Província do Ontário como em todo do Canadá.

Com ficheiros da Revista Luso-Ontário, 2008
Se notar erros ou deturpações no artigo, envie um e-mail para contact@lusocanada.com
Ajude-nos a escrever a nossa História. Contribua com o seu relato, memória ou experiência relacionada com esta organização enviando um e-mail para contact@lusocanada.com.

As três vidas do Jornal da Aliança

25 de fevereiro de 2024

O Jornal da Aliança teve três vidas distintas mas, infelizmente, não sobreviveu a nenhuma. O jornal foi publicado em surtos ao longo de três décadas diferentes, mas acabou sempre por sucumbir, deixando vestígios de boas intenções e pedaços de memórias que enriquecem o nosso arquivo histórico.

Fundada em 1988 para se tornar a voz do Aliança de Clubes e Associações Portuguesas de Ontário (ACAPO), a publicação foi essencialmente uma grande ideia que enfrentou inúmeros desafios. Uma delas foi a constante mudança de administração na ACAPO, o que naturalmente causou falta de continuidade, especialmente na linha editorial. O outro grande desafio foi a considerável concorrência que enfrentava no cenário da cenário impressa comunitária de então, o que impediu que a publicação se tornasse proeminente. Embora cada uma das três tentativas tenha sido infrutífera a longo prazo, também é certo que se revelou gratificante em termos de conteúdo, capturando elementos cruciais da nossa presença no Canadá e, particularmente, na província de Ontário.

A primeira edição, publicada no início de 1988, surgiu após a publicação inaugural da Revista da Semana de Portugal, um magazine anual que ainda se mantém em circulação. O Jornal da Aliança deixou eventualmente de ser publicado, mas ganhou uma segunda vida em 1995. No entanto, mais uma vez sucumbiu a todas as adversidades que encontrara anteriormente, e voltou a cair.

Após José Eustáquio assumir a liderança da ACAPO, a organização tornou-se cada vez mais dinâmica, crescendo de forma gradual, mas considerável, num curto período. Em 2003, ano em que a comunidade portuguesa comemorou os 50 anos da sua presença oficial no Canadá, Eustáquio esforçou-se por destacar ainda mais o papel dos nossos clubes e associações no desenvolvimento da nossa comunidade. Uma das medidas foi a oferta de notícias sobre os membros da ACAPO, e sobre a própria Aliança, utilizando os meios de comunicação comunitário já estabelecidos. À medida que os preparativos para a grande celebração se desenrolavam, uma série de páginas chamadas Notícias da Aliança era publicada no Jornal Team Desportivo. O segmento tornou-se deveras popular entre a comunidade portuguesa na área da Grande Toronto, levando Eustáquio a reavivar o velho Jornal da Aliança, desta vez sob o nome de Notícias da Aliança. Para além do conteúdo relacionado com a ACAPO e os seus membros, o periódico publicava também perfis de figuras comunitárias de relevo e artigos dedicados aos nossos pioneiros.

No entanto, os desafios que a publicação enfrentara anteriormente revelaram-se, mais uma vez, fatais. Nessa altura, a comunidade portuguesa em Toronto era presenteada com um elevado número de jornais semanais, incluindo Sol Português, The Voice, Team Desportivo, Família Portuguesa, Milénio e Nove Ilhas, entre outros. O Notícias da Aliança era uma alternativa crucial porque se centrava apenas nas questões locais e particularmente nas nossas associações, mas o excesso de competição tornou o projeto insustentável.  

Eu tive a honra de ser o Redator Principal daquela última vida do Jornal da Aliança e trabalhei arduamente para criar um conteúdo de qualidade. Acredito que a minha equipa conseguiu atingir esse objetivo. Quando leio exemplares dessas edições, ainda fico maravilhado com o conteúdo que conseguimos criar em colaboração com os membros da nossa comunidade e com as nossas associações. Por detrás de tudo estava José Eustáquio a dar o seu melhor para tornar tudo aquilo possível. Embora não tenhamos conseguido dar continuidade ao projeto, sinto orgulho dessa experiência, que se mantém como uma das mais gratificantes nos mais de vinte anos do meu envolvomento nos meios de comunicação social comunitários.

O Jornal da Aliança ganhou vida em três ocasiões distintas, embora não tenha conseguido sobreviver nenhuma. Será que eventualmente possa conhecer uma nova vida?

Se notar erros ou deturpações no artigo, envie um e-mail para contact@lusocanada.com
Ajude-nos a escrever a nossa História. Contribua com o seu relato, memória ou experiência relacionada com esta organização enviando um e-mail para contact@lusocanada.com.