Comunidade Portuguesa de Windsor – Casa do Espírito Santo

Data de Fundação:1 de dezembro de 1992
Endereço: 848 Pacífico Sul Drive
Windsor, Ontário
N8X2X2
Telefone:519-250-9200

BREVE HISTÓRIA

Versão de áudio (disponível apenas em inglês):

A comunidade portuguesa em Windsor organizou-se inicialmente em torno de uma equipa de futebol, nos anos setenta. O entusiasmo por este grupo levou alguns dos seus membros a organizarem a primeira Festa do Espírito santo na cidade, o que naturalmente levou à formação da primeira associação comunitária, então denominada de Missão Católica Portuguesa de Windsor. Em 1992, a organização adquiriu sede própria e mudou definitivamente o seu nome para Comunidade Portuguesa de Windsor – Casa do Espírito Santo.

John Alves, que é o atual presidente da organização, mudou-se de Harrow para Windsor no final dos anos sessenta, quando ainda era criança. Mais de uma década depois, embora na altura não estivesse ativamente envolvido na comunidade portuguesa, ainda recorda a primeira Festa do Espírito Santo realizada em Windsor. “Foi aí que tudo começou, em 1980, mas eles não tinham salão na época. Cada membro da comissão tinha reuniões nas suas casas, uma por mês. Eram uma organização religiosa”, contou-nos durante uma conversa realizada na sede da associação em dezembro de 2022.

Joe Correia, natural da Ribeira Grande, em São Miguel, chegou ao Canadá em 1967. A esposa Helena, natural da mesma cidade, veio uma década depois. Atualmente, ambos fazem parte do Executivo da associação. Tal como John Alves, também testemunharam esse evento inicial, em 1980. “Foi o padre Sílvio Lesperado, um padre brasileiro, que deu início. Depois, tivemos outro padre português, Nelson Cabral, que celebrava missa na Igreja da Assunção. Ele era de Leamington”, lembrou Helena. Joe Correia, que integrou aquela célebre equipa de futebol nos anos setenta, lembra que alguns colegas ajudaram a iniciar o movimento. “O clube de futebol era um grupo separado, mas alguns vieram de lá para o clube. Humberto Carvalho é um dos que se envolveu com o futebol, que o iniciou. Algumas pessoas da equipa de futebol estavam envolvidas nas duas organizações, mas elas eram separadas”, afirmou.   

João Alves, Helena e Joe Correia

A equipa de futebol durou cerca de duas décadas. Nos últimos anos, havia mudado o nome para Lisboa.

Durante cerca de uma dezena de anos, a Comunidade Portuguesa de Windsor – Casa do Espírito Santo não possuiu nem alugou um local permanente. Manteve-se sobretudo uma organização religiosa vocacionada para a organização das festividades em honra do Divno Espírito Santo, Cristo Rei, e Nossa Senhora de Fátima. Essas celebrações ocorriam na igreja de Our Lady of Perpetual Health.

Todos os anos, um novo mordomo é nomeado ou eleito para gerir a organização das festividades. Ao fim do texto, pode encontrar uma lista de todos os mordomos até à data.

João Alves, pai do atual presidente, John, foi um elemento crucial da comunidade portuguesa local, ocupando várias funções dentro desta organização, incluindo o papel de mordomo em 1987. Também fez parte de um grupo que defendia a compra de um prédio onde a comunidade se pudesse reunir. Depois de muita procura, em 1992, a organização encontrou o prédio perfeito e concluiu a compra, a 1 de dezembro , por cerca de $75,000. Lino De Arruda, Emilia Carreira, John Pimentel e António Rodrigues assinaram a escritura.

A compra também marcou a mudança permanente do nome da associação. Por essa altura, a igreja havia informado que a designação Missão Católica era do seu domínio e que não poderia ser utilizada pela associação, levando o Executivo a eleger o nome de Comunidade Portuguesa de Windsor – Casa do Espírito Santo. A Direção, então dirigida por Emília Carreira, era composta por dez membros que aprovaram e assinaram o documento de renomeação.

A sede da organização

Helena Correia recordou, com nostalgia, os primeiros tempos após a compra de sede própria: “O que mudou aqui? Tínhamos o nosso próprio lugar, organizávamos os nossos jantares e as pessoas vinham. Por muitos anos, sempre tivemos a casa cheia. Tínhamos um evento especial uma vez por mês. Mais tarde, fundámos o Grupo da Terceira Idade (um grupo de idosos) e eles reuniam-se aqui todas as terças-feiras. Eles almoçavam e tricotavam. Era um ponto de encontro, e até vinham muitos que não eram idosos.”

Durante o apogeu da organização, realizaram-se muitos eventos na sua sede, para além das celebrações religiosas anuais que continuou a promover. Esses eventos incluíram a tradicional matança do porco, bailes, espetáculos de comédia e música ao vivo.

Embora a organização tenha desfrutado prosperidade durante os anos noventa e princípios do novo milénio, nunca teve um rancho folclórico ou uma equipa de futebol. A associação manteve-se como um centro social e religioso.

O interesse da comunidade levou a Direção a abrir a sede diariamente para que as pessoas pudessem socializar e relembrar o velho país. No entanto, com o envelhecimento da comunidade e a integração dos jovens luso-canadianos na sociedade em geral, a organização começou a assistir a uma diminuição do interesse e a números reduzidos nos eventos que promovia. Primeiro, o grupo de idosos deixou de funcionar por falta de elementos. Alguns adoeceram, outros faleceram. Em 2012, o grupo tornara-se numa recordação saudosa.

“Eles estão a envelhecer e alguns adoeceram. Um grupo fazia compras uma semana, o outro grupo cozinhava e na semana seguinte trocavam de tarefas. Alguns ficaram doentes e não podiam vir e depois não havia gente suficiente. Muitos deles faleceram. Não temos idosos suficientes na comunidade”, disse Helena Correia.

A somar aos desafios, em 2012, a organização foi também destituída da responsabilidade de organizar os eventos religiosos que inicialmente promovia e, com isso, de uma importante fonte de receitas. Desde então, essas comemorações são realizadas por um grupo ligado à igreja. Estranhamente, essa ocorrência coincidiu com obras de restauração da sede que incluíram telhado e janelas novas, entre outras melhorias. “Quando a sede tinha menos condições, estava sempre lotado e não tínhamos espaço. Agora que a arranjámos, temos boas condições mas não temos gente”, lamentou Joe Correia.

“Quando me tornei mordomo, em 2009, iam fechar esta sede”, contou John Alves, “porque ninguém se queria envolver, ninguém queria fazer parte da Direcção”, complementou Helena Correia. “Eu perguntei a mim mesmo”, continuou Alves, “o que vai acontecer com a festa? Nós organizávamos a festa. Decidi tornar-me presidente e sou o presidente desde então. Ninguém quer isto”, afirmou John Alves. “Se não fosse por ele, esta casa estaria encerrada”, concluiu Joe Correia.

Atualmente, John Alves continua a abrir o salão diariamente, do meio da tarde ao início da noite. Infelizmente, não são muitos os que comparecem, como ilustrou Joe Correia: “Tivemos um jogo do mundial e só apareceram duas pessoas. Depois tivemos outro e três pessoas apareceram. Quando Portugal jogava, este lugar deveria estar lotado.”

A organização conta com cerca de trinta membros, na sua maioria idosos e isentos do pagamento de quotas. Todos os anos, no final de Janeiro, a associação organiza uma festa de sócios que costuma reunir algumas dezenas de pessoas, na sua maioria reformadas.

Atualmente, a organização sobrevive sobretudo do aluguer do seu salão para funções religiosas e sociais, e dos poucos que visitam para beber um copo de vez em quando. “Estamos a ter muitas festas de aniversário, batizados. Não cobramos muito. Desde que possamos ganhar o suficiente para pagar as contas ao fim do mês, estou feliz. Aqui, ninguém ganha salário. Somos todos voluntários”, afirmou John Alves.

Os jovens luso-canadianos há muito que perderam o interesse pela associação e pelas atividades relacionadas com as nossas tradições. Muitos não falam a língua, embora a cidade ainda tenha uma escola de português em funcionamento. Outros mudaram-se para diversos locais da província ou casaram-se com alguém de outra cultura, afastando-se ainda mais das suas tradições.

“Quando perdemos algo, é mais difícil de o recuperar. Seria bom se os jovens assumissem. Esta geração não viverá para sempre. Se não assumirem, isto não vai durar”, aconselhou Joe Correia sob o olhar resoluto de John Alves: “Não vou desistir. Até eu morrer, este lugar estará aberto.” “Então é melhor não morreres porque eu não quero tomar conta disto”, Correia explodiu numa gargalhada contagiante.

O atual Executivo é composto por seis diretores: Elia Conceição, Mariazinha, John Alves, Joe Correia, Helena Correia e Maria Helena Arruda. Estes indivíduos estão comprometidos com a perservação de um marco valioso que representa o nosso património na cidade de Windsor. Enquanto forem capazes, a organização permanecerá focada no seu propósito. Esta é a boa notícia. O redigir de mais um capítulo desta rica história depende apenas da determinação da nova geração de luso-canadianos que residem na região. A nossa presença aqui depende disso.

MORDOMOS (evento organizado pela Comunidade Portuguesa de Windsor – Casa do Espírito Santo)
1980: Lindo de Arruda, Cristina Silva,
Fernando Rocha, Januário Mota,
Humberto Carvalho, Salvador Ferreira
1981: Ernesto Cabral
1982: Manoel Pereira1983: Januário Mota
1984: Hildeberto Carreira1985: Lindo de Arruda
1986: Manoel Teves1987: João Alves
1988: José Luís Pavão1989: Manoel Melo
1990: José Pedro1991: José Luís Alves
1992: João Pimentel1993: António Rodrigues
1994: Edalmira Pereira1995: Maria Silva
1996: Carlos Melo1997: Luís Pedro
1998: Casa do Espírito Santo1999: Francisco Martins
2000: António Conceição2001: Emanuel Pires
2002: Ilídio Silva2003: Fernando Conto
2004: Luís de Ponte2005: Joaquim Bartolo
2006: Paulo Parreira2007: Valter Pedro
2008: Casa do Espírito Santo2009: João Alves
2010: Simão de Sousa2011: João Correia
MORDOMOS (evento não organizado pela Comunidade Portuguesa de Windsor – Casa do Espírito Santo)
2012: João Furtado2013: Henrique Ávila
2014: Marcos Barbosa2015: Tom Rajic
2016: Ron Kosluk2017: Luís Simas
2018: Ilídio Silva2019: Gustavo Santos
2020: Sem evento (covid-19)2021: Sem evento (covid-19)
2022: Manuel Rocha2023: Manny Conto

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