Brantford

POPULAÇÃO DE BRANTFORD: 102,159

ESTATÍSTICAS RELACIONADAS COM OS PORTUGUESES EM BRANTFORD

COMO LÍNGUA
MÃE
COMO MAIS
FALADA
CONHECIMENTO
DA LÍNGUA
NASCIDOS
EM PORTUGAL
ORIGEM
ÉTNICA
570
(0.6% da população)
180
(0.2% da população)
750
(0.7% da população)
380
(0.4% da população)
1,685
(1.6% da população)
Fonte: Statistics Canada

Clube Português de Brantford, uma jóia perdida

Versão de áudio (disponível apenas em inglês):

Os primeiros portugueses emigraram para Brantford na década de cinquenta para trabalharem nas plantações de tabaco e na fábrica da Massey Ferguson, então a maior empregadora da cidade junto com a White Farm Equipment. Embora em número reduzido, a maioria dos portugueses que se estabeleceram aqui acabaram por adquirir casa própria num curto espaço de tempo. Porém, a formação de um clube organizado foi algo difícil de atingir devido à dispersão das residências rurais. Com o passar dos anos e com o declínio da agroindústria, os portugueses mudaram-se do campo para a cidade, tornando viável a criação de uma organização que facilitasse a celebração da cultura e tradições do velho país. Esta associação foi fundada no início dos anos oitenta, mas sobreviveu apenas meia década. Atualmente, os luso-canadianos que vivem nesta cidade não ultrapassam os dois mil, mas a sua maioria já está plenamente integrada na sociedade canadiana e já não participa nas festividades da Irmandade do Espírito Santo, a única organização portuguesa existente em Brantford. 

Maria Martins, moradora de Brantford, envolveu-se na comunidade logo após chegar ao Canadá. Em entrevista à Revista Luso-Ontário, em 2008, contou: “Vim para cá em 1968 e quando cheguei não gostava de Brantford. O meu pai veio para cá em 1965 e trabalhou na Massey Ferguson. Havia muito poucos portugueses aqui. Foi difícil a adaptação mas depois, quando o meu pai entrava de férias, trabalhávamos nas plantações de tabaco e começámos a conhecer mais portugueses. Na década de setenta, chegaram aqui muitos portugueses.”

Rancho Folclórico do Clube Português de Brantford

Esta invasão dos Portugueses despertou o orgulho da comunidade e, em 1982, foi fundado o Clube Português de Brantford. “Tínhamos futebol, rancho folclórico adulto e grupo infantil, escola portuguesa... Foi fundado para os portugueses se juntarem. Havia muitos portugueses aqui e nos arredores da cidade. Os portugueses trabalhavam nos campos de tabaco e juntavam-se aos fins-de-semana. Havia uma equipa de futebol que jogava numa liga. O rancho folclórico formou-se mais tarde e representávamos o Minho porque o instrutor, Manuel Neves, era minhoto. Sou de S. Miguel… tínhamos gente de todo o lado. Eu era a vice-presidente. Foi muito triste quando o clube fechou as portas. Fechou quando foi fundada a Irmandade do Espírito Santo... estava mais associada à igreja. Os açorianos começaram a ir para um lado e os do continente para outro”, recordou Maria Martins, para depois confessar: “Gostaria que a comunidade portuguesa fosse mais unida nesta cidade”.

Maria Domingos foi a última presidente da extinta associação portuguesa de Brantford. Em entrevista à Revista Luso-Ontário, em 2008, recorda esses tempos com saudade. “Alugámos salões de igrejas, escolas, fazíamos reuniões nas casas das pessoas e ensaios para o Concurso das Misses nas casas de outras pessoas. O clube fechou em 1986 e eu fui a última presidente. A Irmandade continuou e ainda existe. Tínhamos um grupo folclórico que era uma maravilha”, lembra.

As portas foram fechadas para sempre

Atualmente, Rego’s Supermarket é uma das poucas marcas duradouras numa comunidade cada vez mais dispersa. Os proprietários, José e Isabel Rego, durante uma conversa conduzida pela Revista Luso-Ontario, recordaram também os tempos em que a comunidade portuguesa de Brantford tinha um clube português mas reiteraram que os portugueses estão dispersos e integrados na sociedade canadiana, muitos deles sem interesse pelas suas raízes. 

O Clube Português de Brantford já faz parte da história, mas na baixa da cidade uma placa desgastada marcou, durante muitos anos, o local do antigo clube, como se quisesse resistir à infortúnia do seu desaparecimento. 

Com ficheiros da Revista Luso-Ontário, 2008
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