Victoria

Organizações Comunitárias:

Folclore Alegre de Victoria * Associação Cultural e Atlética Portuguesa

Artigos relacionados:

*História da Comunidade Portuguesa em Vitória

*Empenhados e Orgulhosos – O Rosto da Geração Mais Jovem de Luso-Canadianos em Victoria

POPULAÇÃO DE VICTORIA: 397,327

ESTATÍSTICAS RELACIONADAS COM OS PORTUGUESES EM VICTORIA:

COMO LÍNGUA
MATERNA
COMO MAIS
FALADA
CONHECIMENTO
DA LÍNGUA
NASCIDOS
PORTUGAL
ORIGEM
ÉTNICA
1,395
(0.3% da população)
450
(0.1% da população)
1,720
(0.4% da população)
690
(0.2% da população)
3,365
(0.8% da população)
Fonte: Statistics Canada

História da Comunidade Portuguesa em Vitória

Artigo escrito com referências de um panorama histórico publicado em https://www.ourladyoffatimavictoria.com/our-history, o site da Paróquia Nossa Senhora de Fátima Católica Romana em Victoria

Versão de áudio (disponível apenas em inglês):

A imigração oficial portuguesa na cidade de Victoria teve início em 1955 após a chegada de Manuel Potinho, José Cabrita, José de Souza e António Chorão vindos de Portugal continental. Um ano depois, um grupo de 19 homens, todos do arquipélago dos Açores, mas maioritariamente da ilha de São Miguel, juntaram-se à contagem. Foram António Moniz, João Galvão, Eduardo Oliveira, Carlos Almeida, José de Melo, João Chaves, Manuel Lima, Altino Andrade, Tomáz Medeiros, José Moniz, Alfredo Curvelo, Eduardo Esaias, Carlos da Silva, José Barbosa, João Martinho, Adriano Pacheco, Domingos Carreiro, Gilberto Ferreira e Isaías Achadinha. Nas décadas seguintes, a comunidade continuou a crescer e, com ela, a influência cultural e social que marca a nossa presença na região.

Embora a maioria se tenha eventualmente estabelecido na cidade, muitos desses homens ocuparam inicialmente a parte norte da ilha de Vancouver para encontrar trabalho, principalmente nos caminhos de ferro ou na agricultura. António Moniz, foi um dos muitos que permaneceu em Victoria, onde encontrou trabalho nos famosos Butchart Gardens. Aqui, aprendeu a língua e tornou-se numa grande referência para outros portugueses que chegaram à cidade mais tarde. À medida que estes homens se foram instalando e estabilizando financeiramente, começaram a chamar as suas famílias, levando a um crescimento substancial da presença portuguesa na região durante as três décadas que seguiram a chegada dos pioneiros. Começaram a adquirir casa própria e a exibir orgulhosamente os seus jardins coloridos de árvores opulentas, arbustos aparados e flores a desabrochar. Uma casa portuguesa está sempre bem cuidada, não importa onde esteja localizada.

Demorou algum tempo para que a comunidade se organizasse socialmente. Naqueles primeiros anos, os portugueses visitavam-se uns aos outros principalmente nas suas casas para recordar a pátria e planear um futuro sempre incerto num país estranho. Tal como acontece em muitas outras comunidades, o desporto, e o futebol em particular, serviu de ponto de partida para os portugueses se reunirem e socializarem sob o pretexto de defender a honra da pátria dentro das quatro linhas. Em Victoria, tal ocorreu pela primeira vez em 1967, quando a comunidade formou a primeira equipa de futebol. Os fundadores foram José Lima, Walter Craveiro, João Craveiro, António Lima, Manuel Pereira, Américo de Frias e Francisco Cabecinha, que também foi o primeiro presidente. Carlos Almeida foi escolhido como treinador. A equipa atraiu grandes multidões de adeptos que inundavam o recinto com gritos de incentivo aos homens de vermelho e verde, os homens que representavam a pátria e que enchiam a a comunidade recém-formada de orgulho.

À medida que a equipa de futebol ganhava notoriedade e a coesão da comunidade se fortalecia, a formação da Associação Cultural e Atlética Portuguesa, em finais da década de setenta, tornou-se parte de uma evolução natural. Sob a bandeira da nova organização, a equipa de futebol adotou vários nomes, dependendo do patrocinador em cada temporada. Alguns dos nomes adotados incluem Mayfair Barber Shop, Coffee House, Suburban Motors, Lusitania, Metro Toyota e Mestons Auto. No entanto, o executivo acabou com as constantes mudanças de nome e batizou a equipa permanentemente de “Sagres”. A equipa participou na Vancouver Island League, mas também competeiu em vários outros torneios como a Taça de Portugal (British Columbia). Também acolheu vários torneios que incluíram equipas de diversas partes do Canadá e dos Estados Unidos. A comemoração do seu 20o aniversário reuniu muitos jogadores que representaram o clube e serviu também para homenagear outros que, na época, já haviam falecido, includindo Américo de Frias, Manuel Abelenda, Francisco Cabecinha, Charlie Sadler, Gordon Reading e Sisco Rossini.

Embora o futebol se tenha tornado num elemento importante na vida da comunidade, a igreja rapidamente se transformou no principal ponto de encontro. O movimento religioso teve início quando o padre Daniel Johnson, da Catedral de Santo André, aprendeu a missa em português e começou a celebrá-la para a comunidadel, o que conduziu ao desejo da comunidade organizar outros eventos religiosos. Em 1969, um grupo de homens reuniu-se para discutir a celebração da matriarca portuguesa, Nossa Senhora de Fátima. Uma estátua foi encomendada na cidade de Braga, mas demorou dois anos a chegar ao local. Manuel de Frias, José Moniz, António Moniz, José Ambrósio, Jaime Brigida, Carlos de Silva e José Melo formaram a comissão que começou a planear as festividades. No entanto, foi apenas em 1971 que elas ocorreram, na Igreja do Sagrado Coração, com uma réplica de Nossa Senhora de Fátima emprestada da comunidade portuguesa de Vancouver. A comunidade compareceu em massa, levando a outros eventos relevantes que se seguiram e, eventualmente, transformando a igreja no principal ponto de encontro, até aos dias de hoje, para os luso-canadianos que residem aqui.

A comunidade adquiriu sua própria réplica de Nossa Senhora de Fátima em outubro do mesmo ano, que foi abençoada pelo Bispo Remi De Roo com a assistência do Padre Daniel Johnson e de Altino Andrade. As comemorações continuam a ocorrer duas vezes por ano, em maio e outubro. A celebração religiosa inclui uma procissão e uma missa, seguidas de um convívio social e cultural que inclui muita comida, música e danças.

Igreja de Nossa Senhora de Fátima (imagem: página de Facebook da paróquia)

Em 1972, a comunidade reuniu-se para discutir a formação de sua própria paróquia. Uma vez mais, o padre Daniel Johnson foi fundamental no desenvolvimento do projeto, assim como outros membros influentes da comunidade da época, como Altino Andrade, Manuel Frias, Jaime de Medeiros, António Moniz, Manuel Craveiro e Vivaldo do Couto. A paróquia – sob o nome de Paróquia de Nossa Senhora de Fátima – foi oficialmente registada na Diocese de Vitória uma década depois, em 1982, então sob a liderança do Padre Arduino Antonello que veio do Brasil para servir a comunidade. Em 1983, foi organizada a primeira Festa do Espírito Santo, evento que marcou a ampliação do escopo das celebrações religiosas e encontros sociais na comunidade.

A ocorrência levou à formação de uma Confraria. Os primeiros membros eleitos foram Altino Andrade, Manuel Frias, João Moniz, Joana Moniz, António Ramos, Marias Simas Pereira, Lourdes Frias, Jorge Frias e João Craveiro. O seu primeiro ponto de ordem foi apelar à Diocese para a compra de um imóvel e a construção de uma igreja para servir a comunidade. A proposta foi aprovada e uma propriedade foi comprada em Elk Lake Drive em 1983. Em maio de 1984, as obras tiveram início. A comunidade arrecadou fundos e fez ofertas para o projeto, ajudando a transformar um sonho em realidade. Em outubro do mesmo ano, foi inaugurada a igreja de Nossa Senhora de Fátima. O edifício incluía o espaço sagrado e um salão para acomodar os diversos grupos que se formavam na comunidade da época. Fruto deste marco, a comunidade acrescentou à lista de eventos anuais a festa do Senhor Bom Jesus da Pedra.

À medida que a comunidade crescia e evoluía, também aumentavam as suas necessidades. A igreja tornou-se pequena demais para acomodar as grandes multidões que a visitavam semanalmente, e os espaços culturais e sociais muito escassos para servir os grupos comunitários. Como resultado, agora sob a tutela do primeiro padre português da comunidade, Padre Manuel Cardoso, um novo e ambicioso projeto começou a tomar forma: a construção de uma nova igreja. Jorge Melo desenhou o prédio e, em 1994, foi inaugurado. Até hoje, continua a ser o marco português mais significativo na comunidade, servindo como o único local que reúne os luso-canadianos residentes na região para a celebração de eventos religiosos, culturais e sociais.

Pouco depois da chegada de mulheres e crianças, patrocinadas pelos homens que aqui chegaram primeiro, surgiu a necessidade de criar uma escola de português. Manuel de Frias (que está ligado à maioria dos marcos iniciais da comunidade) e João Valadas incentivaram Maria Simas Pereira a formar a primeira escola. O grupo apelou à Diocese de Vitória sem sucesso mas, posteriormente, foi-lhe disponibilizado um espaço na Igreja do Sagrado Coração. A primeira turma tinha oito alunos matriculados, mas a escola rapidamente cresceu para 23. Este subito crescimento levou os responsáveis ​​da escola a juntarem-se à Associação Portuguesa. Dora Craveiro, Lourdes Frias, Dina Abelenda, Helena Sousa e Norberta Pereira aliaram-se a Maria Pereira à medida que as inscrições de alunso aumentavam e, com elas, as responsabilidades e a carga de trabalho. Assim que a igreja portuguesa foi inaugurada, em 1984, foi formada uma Associação de Pais para apoiar a escola. Além do seu papel de ensinar o idioma, a escola também organizou diversos eventos culturais e sociais para pais, alunos e outros membros da comunidade.

A 2 de abril de 1979, a escola passou a denominar-se Escola da Associação Portuguesa Cultural de Victoria. Foi também reconhecida pelo Governo de Portugal, que lhe concedeu estatuto oficial e lhe prestou apoio.

Folclore Alegre de Victoria (imagem: página do Facebook da organização)

Após a fundação da Associação Portuguesa, em 1978, formou-se quase simultaneamente um rancho folclórico, sob a liderança do saudoso António Carvalho Ferreira, que faleceu tragicamente em 1987. O grupo agraciou muitas das festas portuguesas na Cidade de Victoria, mas também participou em vários outros eventos organizados pelo município, como Folk Fest, Victoria Day e Music Festival, e em locais como asilos e a Universidade de Victoria. Após o falecimento de António Carvalho Ferreira, Maria Helena Lima assumiu a liderança. O grupo Folclore Alegre de Victoria continua em atividade até aos dias de hoje.

A comunidade enriqueceu o seu leque cultural em 1989 com a fundação de uma banda filarmónica, formada por Vivaldo do Couto e regida por Gervásio de Sousa. A banda, embora popular e bem sucedida por muitos anos, já não se encontra em atividade.

Em 1994, com o envelhecimento da população, que incluía muitos dos pioneiros, formou-se o grupo Terceira Idade, liderado por Maria Adelina Ferreira. O grupo utilizou os espaços comunitários para socializar e participar em diversas atividades.

Embora a comunidade portuguesa de Victória fora um dia vibrante e dinâmica, a integração na comunidade em geral por parte dos seus elementos e a decadência da maioria das organizações culturais, sociais e desportivas tornaram-se em desafios reais na luta pela preservação da sua homogeneidade. A igreja e o grupo de dança folclórica permanecem como os dois elementos sobreviventes que continuam a unir uma comunidade dispersa. Houve tentativas recentes da nova geração de luso-canadianos em reavivar a equipa de futebol e a extinta Associação Portuguesa, mas até agora esses esforços têm sido infrutíferos. Possivelmente, esse novo interesse de nossa geração mais jovem em manter vivas as nossas tradições ajude a reinventar uma comunidade que está lentamente a fundir-se com a população geral.

Se encontrar algum erro ou omissão, por favor envie e-mail para contact@lusocanada.com
Vamos escrever a nossa História juntos! Contribua com o seu relato, experiência, memória, foto ou vídeo relacionados com esta organização e/ou comunidade a que está associada enviando e-mail para contact@lusocanada.com

EMPENHADOS E ORGULHOSOS – O ROSTO DA NOVA GERAÇÃO DE LUSO-CANADIANOS EM VICTORIA

Versão de áudio (disponível apenas em inglês):

Assim que Jason Arruda concordou ter uma conversa através de zoom para discutir a situação atual da comunidade portuguesa em Victoria, sabíamos que iriamos dialogar com um jovem luso-canadiano orgulhoso das suas raízes e que participa ativamente na promoção e manutenção do nosso património. No entanto, mesmo assim fomos surpreendidos. Quando a imagem no ecrã se tornou visível, tivemos que perguntar se o que estava por trás era um fundo digital ou se era a parede do quarto onde se encontrava. Ele sorriu e apontou com orgulho para os vários artigos expostos que representam Portugal. Depressa percebemos que esta seria uma interação interessante. 

Arruda, que trabalha em desenvolvimento económico para o Governo de British Columbia, nasceu em Victoria de pais que chegaram ao Canadá nos primeiros anos de imigração e de uma linhagem de portugueses vindos de São Miguel e Lamego. Viveu em vários pontos do Canadá e, como resultado, teve a oportunidade de fazer parte das comunidades portuguesas dessas localidades. “Vivi algum tempo em London, depois em Edmonton, e gravitei para as comunidades portuguesas de lá. A nossa cultura e a nossa história são muito importantes para mim”, começou por nos contar.  

Jason Arruda com o seu fundo de artigos que representam Portugal

Agora que está de regresso a Victoria, a sua terra natal, Jason Arruda faz parte de uma comunidade que se dispersa lentamente. “A nível individual, as pessoas ainda estão ligadas a Portugal. No que me diz respeito, trabalho com a Federação [Federation of Portuguese Canadian Business and Professionals] e é uma paixão minha. Estou envolvido ao extremo. As nossas festas estão a enfraquecer ao longo dos anos e isso já ocorria mesmo antes da pandemia. Muito do que temos é na igreja. É a entidade mais consistente da cidade em termos de oportunidades para nos unirmos como comunidade”, informou.

Embora a Paróquia de Nossa Senhora de Fátima se tenha estabelecido como ponto de encontro dos portugueses que residem na região, nem sempre foi assim. Nos primeiros anos após nossa chegada à Ilha de Vancouver, algumas organizações foram formadas e serviram como oportunidades para a comunidade se envolver e se reunir. A equipa de futebol, que conheceu vários nomes antes de ser permanentemente batizada de 'Sagres', foi a primeira a ser formada. Seguiu-se mais tarde a extinta Associação Cultural e Atlética Portuguesa e a filarmónica. No entanto, todas estes grupos deixaram de existir.

“O futebol tinha umas duzentas pessoas a assistir. Havia muito interesse. O problema é que dá muito trabalho para executar essas coisas corretamente. Encorajei pessoas que conhecia a recomeçar a equipa quando voltei de Edmonton, e eles regressaram por um algum tempo, mas não tenho a certeza do que aconteceu depois. Que eu saiba, alguém tem o nome da equipa, e talvez o plano seja trazê-la de volta”, comentou Arruda.

A Taça de Portugal, um evento promovido pelo clube de futebol durante muitos anos, já foi um evento anual que atraiu equipas de várias partes da British Columbia e dos Estados Unidos da América. Porém, também essa iniciativa retirou-se nos escombros da História.

Para além da igreja e dos diversos grupos que se formaram ao longo dos anos, outras iniciativas foram criadas para aproximaram a comunidade. Uma delas era um churrasco, realizado num parque local, que ocorria diversas vezes por ano. Esse evento deu a centenas de luso-canadianos a oportunidade de celebrar a sua herança, criar novas amizades e consolidar outras. “Alguém tentou trazê-lo de volta, mas até agora ainda não aconteceu”, informou Arruda.

Segundo Jason Arruda, há luso-canadianos suficientes em Victoria para criar uma comunidade vibrante e participativa na preservação das nossas tradições. No entanto, como acontece na maioria das outras localidades espalhadas pelo país, são sempre os mesmos que se envolvem na maioria das iniciativas, o que dificulta a sustentação e o crescimento de um movimento significativo. “Há um grupo de duzentas pessoas que estão envolvidas em tudo. Acho incompreensível não termos mais como comunidade. Não entendo a razão de não termos uma presença maior”, lamentou.

Há, no entanto, um grupo cultural que permanece ativo até aos dias de hoje, embora tenha interrompido as suas atividades por vários períodos ao longo dos anos: o Folclore Alegre de Vitória. O grupo resistiu ao teste do tempo e continua a envolver jovens e idosos da comunidade.

Quando se passeia pelas ruas de Victoria, salvo uma ou outra casa que exibe algum elemento cultural ou religioso de Portugal, há muito poucos indícios de que cerca de quatro mil pessoas que aqui residem consideram Portugal como sua origem étnica. Não há padarias, cafés ou mercearias, embora haja um restaurante, aberto parte do dia, que dá pelo nome de Casanova. “[Serve] pequenos-almoços e almoços, mas não há restaurante para jantares, mas é óptimo para catering, muito famoso por servir comida portuguesa. Temos uma charcutaria chamado Maria's, e ela vende alguns produtos portugueses, mas é principalmente uma charcutaria europeia. O Walmart agora tem uma secção portuguesa. Às vezes sonho em abrir um café, uma mercearia. Questiono-me acerca de não termos um café português, ao contrário de outros lugares. Se tivemos dinheiro suficiente para construir uma igreja e um salão, e renová-los mais tarde, deve haver alguma ambição empresarial. Temos muitas empresas que são propriedade de portugueses,” comentou Jason Arruda.  

Há cerca de 700 residentes em Victoria que nasceram em Portugal (Imagem de Jondolar Schnurr da P)

Para aqueles que já criaram ligações e que participam nas atividades promovidas pelo Folclore Alegre de Victoria ou pelos grupos associados à igreja, a vida como membro integrante da comunidade torna-se algo natural. No entanto, para aqueles que não têm essa oportunidade, a realidade é bem diferente. “Aqui não temos um "Little Portugal", não temos os espaços onde as pessoas se reúnem. [Não é] como em Toronto, Hamilton, Winnipeg ou Vancouver, onde há mais presença. Para nós, é de festa a festa. Eu acho que para alguém que não tem a força de vontade, é muito difícil. Acho que dá mais trabalho aqui porque somos menos. Temos que nos esforçar um pouco mais. Estamos um pouco distantes. Mesmo viajar a Portugal é três vezes o preço porque primeiro precisamos de chegar a Toronto. Se eu morasse em Toronto, iria todos os anos. Isso também é uma barreira”, disse Jason Arruda.

Embora a imersão na cultura geral tende a distanciar algumas pessoas da participação comunitária e a dificultar o seu envolvimento, este fenómeno é algo que por vezes se torna inevitável. Se uma certa comunidade não tiver meios que se incorporam no dia-a-dia dos luso-canadianos para os manter ligados à sua cultura, tudo se complica ainda mais. Victoria, ao contrário de outros grandes centros urbanos do Canadá, como Toronto, não usufrui dessas condições. Assim, há uma integração mais rápida e mais fácil, o que também facilita os mais jovens em muitos outros aspetos. A educação é um exemplo perfeito disso. Ao contrário de cidades como Toronto em que os jovens luso-canadianos tendem, em grande número, a não terminar a escola secundária e a não ingressar em estudos universitários, Victoria não sofre do mesmo dilema. Segundo Jason Arruda, a maioria das pessoas que conhece, sobretudo as que fazem parte da geração mais jovem de luso-canadianos, ingressam na universidade ou exercem uma profissão que requere educação: “Sem ver as estatísticas, tenho a impressão de que todos terminam o ensino secundário e é 50/50 entre ir para a universidade e entrar em trabalhos especializados, vendas, jardinagem e construção. Eu tenho um mestrado, tenho colegas que são altamente qualificados e altamente educados. Em Victoria, curiosamente, temos um grande número de homens que trabalham para o município. Conheço alguns que trabalham no governo. Há muitos cabeleireiros, [profissionais nos] serviços de assistência social e muitos contabilistas, advogados, etc…”

A comunidade portuguesa de Victoria enfrenta atualmente desafios que podem eventualmente ameaçar a sua integridade. Fatores como o isolamento de outras localidades e a integração mais rápida na comunidade geral são cada vez mais salientes. Aqueles que perdem o interesse ou não possuem a motivação para participarem na vida comunitária, afaster-se-ão, inevitavelmente, cada vez mais. No entanto, o amor e o orgulho suprimidos são emoções que podem facilmente ressurgir através de experiências ou de influências e, assim do nada, muitas vezes contribuem para desenvolvimentos inesperados.

“Procuro destacar a excelência luso-canadiana e não há um dia em que não me refiro a algo português. É natural e nem tento. É muito difícil divorciar-me de quem eu sou. Tenho a ética de trabalho luso-canadiana. Quando há um desafio, obtens tudo de mim. Faz parte do meu dia a dia. Eu uso isso como um distintivo de honra”, afirmou Jason Arruda com orgulho.

A experiência de Jason Arruda pode não refletir a de outros luso-canadianos que residem em Victoria, mas representa um segmento da população que está preocupado com a desintegração da nossa comunidade nesta região. A boa notícia é que a sua paixão, orgulho e compromisso o tornam parte de um novo e emocionante movimento, por parte da nova geração, em direção à preservação das nossas tradições e cultura nesta parte do Canadá.

Se encontrar algum erro ou omissão, por favor envie e-mail para contact@lusocanada.com
Vamos escrever a nossa História juntos! Contribua com o seu relato, experiência, memória, foto ou vídeo relacionados com esta organização e/ou comunidade a que está associada enviando e-mail para contact@lusocanada.com