Grupo Folclórico e Etnográfico Português de Montreal

Data de Fundação:Dezembro de 1966
Telefone:(514) 241-9742
Email:gfepmtl@gmail.com

SESSÃO FOTOGRÁFICA:

Por favor veja imagens de uma sessão fotográfica organizada pelo grupo

O RANCHO FOLCLÓRICO MAIS ANTIGO DE QUEBEQUE

Versão de Áudio (disponível apenas em inglês)

O Grupo Folclórico e Etnográfico Português de Montreal pode não ter sido o primeiro da cidade, mas por muitos anos foi o único rancho folclórico português na comunidade e, sobretudo, resistiu ao teste do tempo. Fundado em dezembro de 1966, é atualmente o rancho em atividade mais antigo na região. Ao longo das últimas décadas, testemunhou sucessos e desafios, mas teve sempre a capacidade de evoluir e de se transformar num grupo respeitado e exemplar não apenas na cidade, mas também na esfera global do folclore.

António Lourenço

No final da década de cinquenta, um grupo de homens começou a reunir-se numa igreja de Montreal para celebrar algumas das tradições da pátria, como as populares danças carnavalescas. Este parece ter sido o prelúdio para a fundação do Grupo Folclórico Português de Montreal, nome original do atual rancho. António Lourenço,que faleceu em junho de 2019, foi o fundador do grupo. Durante os seus primeiros anos de existência, sediou-se no prédio do Clube Português de Montreal, mas o rancho foi sempre independente dessa organização, e independente permanece até aos tempos atuais.

Desde sua criação até 2008, era um grupo exclusivamente infantil, como nos contou o atual presidente, Rafael Gaspar, em conversa via zoom conduzida em janeiro de 2022. “O nosso grupo era muito conhecido. Atuou para o Papa João Paulo II (hoje São João Paulo II) durante a sua visita a Montreal, em 1984. Participou de inúmeros programas de televisão para a Rádio Canadá. Durante muitos anos, o grupo foi o rosto do folclore português nos meios de comunicação local”, contou.

À medida que António Lourenço envelhecia e a comunidade acentuava a sua integração na sociedade em geral, o grupo começou a sentir dificuldades em recrutar novos jovens dançadores. Sentindo que não seria capaz de manter as suas funções de líder do grupo por muito mais tempo, o Sr. Lourenço começou a procurar soluções que garantissem que o rancho permanecesse no ativo. Após a viragem do milénio, aproximou-se do padre José Maria Cardoso, então pároco da Igreja de Santa Cruz, para propor que o grupo se mudasse para lá. “Ele acreditava que a única entidade que garantiria a sobrevivência do grupo era a Missão Católica de Santa Cruz. Foi feito um acordo entre o padre e o Sr. Lourenço e o grupo mudou-se para a Igreja de Santa Cruz no início de 2008”, recordou Gaspar.

Foi nessa época que Rafael Gaspar iniciou o seu envolvimento com a organização. Natural do Cartaxo, Ribatejo, tornou-se muito ativo nos círculos do folclore português desde muito cedo. Ingressou num rancho folclórico em 1975, foi depois co-fundador do Festival Internacional de Folclore da Ilha Terceira e, durante muitos anos, colaborou amplamente com a comissão organizadora do Festival Internacional de Folclore de Santarém. Após imigrar para Montreal em 1988, tornou-se diretor do Clube Português de Montreal, assumindo diferentes funções dentro da associação, incluindo a tarefa de apresentar o Rancho Folclórico Praias de Portugal em vários eventos. Dado o seu currículo impressionante, foi de forma natural que recebeu o convite para assumir a liderança do grupo que o Sr. Lourenço deixara em Santa Cruz.

Imagens de uma sessão fotográfica que o grupo organizou:

“Começámos a trabalhar com sete ou oito crianças que restavam na altura. Entretanto, o grupo começa a crescer e tem início uma grande transformação. Eramos um rancho folclórico, mas queriamos ser um grupo etnográfico. Começámos a adquirir trajos melhores, a dançar cada música da forma certa, e conseguimos atingir isso ao longo do tempo. Isto deve-se a todos os elementos do grupo," revelou Gaspar.

A necessidade de angariar fundos tornou-se crucial no sentido de atingir tal transformação radical. O grupo passou a promover eventos sociais, como jantares, que atraíam centenas de convidados. Isso ajudou-o a atingir dois objetivos principais: angariar fundos e melhorar a reputação do grupo. No entanto, feitos maiores estavam, inesperadamente, prestes a acontecer.

Sandra Costa, dançadora e ex-coreógrafa do grupo infantil, casava-se em setembro de 2016. Como era natural da Nazaré, os elementos do grupo decidiram ensaiar três danças oriundas daquela cidade costeira para a surpreender no dia do seu casamento. “Encomendámos tecido da Nazaré e fizemos o nosso próprio vestuário. Depois de atuarmos no casamento, alguns elementos começaram a dizer que já que conhecíamos as danças e tínhamos os trajos, talvez devêssemos continuar. E assim fundamos o Rancho da Nazaré”, revelou Gaspar.

Atualmente, o Grupo Folclórico e Etnográfico Português de Montreal é único na região e, talvez, até no Canadá, no sentido de representar mais de uma região. Durante quarenta anos, desde a sua criação até ao dia memorável do casamento de Sandra Costa, o rancho representou exclusivamente a região minhota, batizado com o nome Coração do Minho. Dois outros ranchos foram formados em paralelo em anos recentes: Brisas da Nazaré e Lembranças do Ribatejo. “São ranchos distintos dentro do mesmo grupo. Há pessoas que dançam em dois grupos, outras em apenas um, e outras dançam nos três. Cada rancho usa trajos com o maior rigor histórico de acordo com a região que representa”, explicou Rafael Gaspar.

Mais imagens da sessão fotográfica:

Paulo Mendes e Ricardo Silva são os coreógrafos do grupo minhoto, Stephanie Loureiro do nazareno, , e Diogo Loureiro e Betty Oliveira do grupo que representa o Ribatejo. Helena Loureiro, chefe e dona de um restaurante na cidade de Montreal, é a madrinha. do grupo. “Ela é dedicada ao nosso projeto e orgulha-se do seu papel como madrinha. Ela tem-nos ajudado muito”, observou Gaspar.

Esta representação eclética da cultura portuguesa inspirou o grupo a candidatar-se à Federação Portuguesa de Folclore, da qual é agora membro ativo. Isso levou ao acumular de uma pequena fortuna em termos de trajos, de forma a se adequar às diretrizes impostas pela Federação. “Teresa Torcato supervisiona os trajes do grupo. Ela vai a Portugal e muitas vezes traz trajos novos para o grupo. Você não imagina a riqueza da nossa coleção”, afirmou Gaspar, orgulhoso.

Se o grupo é um dos rostos mais salientes do folclore português na cidade de Montreal, o seu alcance já se alargou também para além dos limites das fronteiras canadianas. Entre os vários locais em que atuou fora do país, destacam-se a Califórnia, Nova York, Nova Jersey, Nova Bedford entre outras localidades dos Estados Unidos da América.

O grupo, composto por cerca de noventa elementos e dividido por três ranchos folclóricos, foi obrigado a adaptar-se às mudanças naturais ao longo dos anos, uma das quais foi a localização dos seus ensaios. Depois de muitos anos de permanência no Clube Português de Montreal, passou depois pelas instalações da Associação Portuguesa do Canadá, do Clube Oriental Português de Montreal e da Missão Santa Cruz. Atualmente, ensaia na igreja Saint-Enfant-Jésus, em Montreal.

A pandemia interrompeu ensaios e atuações, mas o grupo continuou a reunir esforços para se manter ativo. Durante os meses de verão de 2020 e 2021, os elementos reuniram-se em vários locais da cidade para sessões fotográficas que retratam os vários elementos etnográficos representados pelo grupo. “Tentamos recriar cenas como a lavagem de roupa no rio, os pescadores e a colheita do milho. Estamos a criar um álbum. Ricardo Torcato foi fundamental em todo o processo. Ele tem sido um grande líder para a nossa juventude”, revelou Gaspar.

É um facto irrefutável que o futuro de organizações como o Grupo Folclórico e Etnográfico Português de Montreal depende da participação dos jovens nas suas atividades. Segundo Rafael Gaspar, isso tem contribuído muito para o crescimento e prosperidade do grupo, pois atrai muitos elementos da nova geração de luso-canadianos. A pandemia de Covid-19 pode ter abalado a organização, mas com a determinação de Rafael Gaspar como líder e com o comprometimento dos integrantes do grupo, não há dúvida de que a organização está lançada para um futuro de sucesso.

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