Calgary

Organizações Comunitárias:

Sociedade Portuguesa de Calgary * Associação Filarmónica Portuguesa de Calgary

POPULAÇÃO DE CALGARY: 1,611,000

ESTATÍSTICAS RELACIONADAS COM OS PORTUGUESES EM CALGARY

COMO LÍNGUA MATERNA	COMO MAIS FALADA	CONHECIMENTO DA LÍNGUA	NASCIDOS PORTUGAL	ORIGEM ÉTNICA
3,700 (0.2% da população)	1,770 (0.1% da população)	5,365 (0.3% da população)	1,165 (0.1% da população)	8,600 (0,5% da população)

UMA COMUNIDADE SERVIDA POR DIVERSAS ORGANIZAÇÕES

Versão de Áudio (disponível apenas em inglês):

A cidade de Calgary abriga mais de oito mil moradores que consideram Portugal a sua origem étnica . Cerca de 1,200 desses residentes nasceram em Portugal. Esta população de luso-canadianos está cada vez mais dispersa e integrada na sociedade geral, o que dificulta o seu envolvimento nas várias organizações culturais, sociais e religiosas fundadas durante as primeiras três décadas da nossa presença aqui. Outrora um grupo vibrante e envolvido na vertente comunitária, atualmente a hegemonia da comunidade portuguesa em Calgary enfrenta sérios desafios.

Os portugueses começaram a estabelecer-se em Calgary e arredores no início da nossa imigração oficial para o Canadá, em 1953. Naquela época, o governo enviava os recém-chegados para várias partes do país. A lei determinava que servissem no local e ocupação designadas durante o período de um ano, após o qual estariam livres para procurar outro emprego num lugar à sua escolha, se assim o desejassem. Na área de Calgary, a maioria dos portugueses recém-chegados encontraram emprego quer na CN Rail quer noutras indústrias, tal como a construção, ou a agricultura.

Aqueles que se estabeleceram em Calgary, por norma, permaneceram na cidade, mas muitos dos que foram colocados em ambientes rurais começaram a mudar-se para a cidade em busca de melhores oportunidades de trabalho e condições de vida. Seguindo as tendências que ocorreram por todo os país, uma vez que esses pioneiros alcançaram estabilidade financeira, começaram a patrocinar a vinda das suas famílias para o Canadá. Em Calgary, o processo ocorreu naturalmente e, no início da década de 1970, já havia uma considerável população luso-canadiana a morar na região.

Tal como em muitas outras localidades, a igreja tornou-se no primeiro ponto de encontro. As missas em português tornaram-se na forma incial de congregação entre elementos da comunidade, não só para praticar a fé mas também para conviver com conterrâneos antes e depois do serviço religioso. “O padre era canadiano – Padre Trudeau – e era ele quem [celebrava a missa] para os portugueses. Celebrava-a em português”, contou-nos Nelly Teofilo, residente de Calgary e voluntária da Sociedade Portuguesa de Calgary, durante uma conversa travada em maio de 2022. À medida que a comunidade crescia, também aumentava a necessidade de uma Paróquia dedicada exclusivamente a si . Foi com o esforço de todos os luso-canadianos da cidade que a igreja de Nossa Senhora de Fátima se construiu. Aqui, a comunidade começou a organizar festas religiosas memoráveis, como o Senhor Santo Cristo e o Divino Espírito Santo, e a celebrar datas importantes como o 13 de Maio, que marca a primeira aparição de Nossa Senhora de Fátima aos três pastorinhos. A maioria das celebrações religiosas da comunidade ainda são realizadas nesta igreja, mas agora também contam com a colaboração de outras organizações como é o caso da filarmónica.

Em 1971, a primeira organização social e cultural fora da igreja foi fundada em Calgary quando João Pereira, Franciso Enes, Paulo Lestinho, José Pereira Jacinto, Manuel de Castro e João de Lima (todos já falecidos) assinaram os documentos constitutivos do Sociedade Portuguesa de Calgary. Por volta da mesma época, o Canadian Luso Soccer Club também foi formado, juntando-se à Sociedade nesse mesmo ano. A Sociedade Portuguesa de Calgary tornou-se na mais importante organização comunitária, oferecendo aulas de português e eventos sociais e culturais. Uma década mais tarde, formou-se o Grupo Folclórico Português de Calgary mas, tal como o clube de futebol, também se juntou à Sociedade logo após a sua fundação. Atualmente, a Sociedade continua a oferecer aulas de português, o rancho folclórico continua ativo e a equipa de futebol está em processo de revitalização.

Em 1983, a comunidade portuguesa de Calgary assistiu à fundação da Filarmónica Portuguesa de Calgary, um marco cultural que vem crescendo e reinventando-se ao longo dos anos. Antes da pandemia, foi vencedor de um ilustre concurso nacional de bandas filarmónicas, realizado em Otava. A pandemia interrompeu a sua atividade por cerca de dois anos, mas à medida que o mundo volta à normalidade, o mesmo acontece com a Filarmónica.

No início da imigração portuguesa, a maioria dos portugueses que chegavam a Calgary eram oriundos do continente e, especialmente, da zona norte. No entanto, à medida que a comunidade crescia, os novos recém-chegados vinham de várias partes do país, mas cada vez mais do arquipélago dos Açores. “A maioria das pessoas aqui eram do continente. Ainda temos muita gente do norte de Portugal [mas] é mais das ilhas agora. Naquela época, as pessoas das ilhas estavam muito ligadas à igreja e participavam em muitos eventos religiosos e as pessoas do continente estavam muito ligadas à Sociedade Portuguesa de Calgary. Agora é uma mistura, mas a maioria dos imigrantes em Calgary são dos Açores”, informou Nelly Teofilo.

Embora Calgary abrigue um número considerável de luso-canadianos, não há lojas, restaurantes ou bares dedicados à comunidade. “Costumávamos ter algumas lojas portuguesas. É muito caro operar um negócio como esses em Calgary porque estamos tão longe de tudo. Tivemos uma loja portuguesa durante muitos anos. O que começou a prejudicá-los muito é que agora as pessoas podem comprar produtos portugueses no Walmart, Safeway ou Soby's”, Teofilo explicou.

Até há bem pouco tempo, o Restaurante Mimo's, gerido e operado por luso-canadianos, era o local preferido da comunidade, mas a pandemia obrigou os proprietários a encerrar a atividade. A manutenção do nosso património em Calgary está agora totalmente dependente da Sociedade, da Filarmónica, e da igreja.

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